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Economia Correios podem registrar prejuízo pelo segundo ano consecutivo

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De janeiro a setembro do ano passado, a empresa acumulou prejuízo de R$ 824,7 milhões. (Foto: Agência Brasil)

Depois de ter sido considerada para a privatização no governo passado, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) pode ter amargado, em 2023, prejuízo pelo segundo ano consecutivo. De janeiro a setembro do ano passado, a empresa acumulou prejuízo de R$ 824,7 milhões. Em 2022, os Correios fecharam o ano com prejuízo de R$ 809 milhões.

O balanço consolidado dos Correios em 2023 será conhecido no segundo trimestre. A empresa aposta que, em 2024, o resultado da estatal voltará a ser positivo.

Pela ótica do resultado primário do governo, a estatal também não foi bem, mesmo tendo o monopólio de serviços postais no País. Acumulou, no ano passado, déficit de R$ 274 milhões, segundo projeção do relatório de avaliação de receitas e despesas primárias, do Ministério do Planejamento, publicado em novembro.

Os números levantam preocupação sobre a habilidade do Estado para operar um serviço considerado essencial e inspiram desconfianças sobre a governança da estatal. No começo dos anos 2000, os Correios foram a gênese do mensalão, maior escândalo de corrupção em administrações petistas até a Operação Lava-Jato, e a empresa continuou sendo alvo de denúncias de aparelhamento político nos anos seguintes.

A companhia afirma ter reduzido em mais de R$ 200 milhões a previsão anterior de déficit para 2023 e destaca ter caixa saudável de mais de R$ 3 bilhões. Embora tenha o monopólio do serviço postal, a companhia concorre com empresas privadas nas áreas de logística e entrega de mercadorias. Nos últimos anos, grandes lojas virtuais (“marketplaces”) entraram com força no segmento de entrega e passaram a oferecer serviços de frete próprios, criando frotas e um sistema logístico que concorrem com os da estatal.

A empresa estatal chegou a ser favorecida pela expansão do e-commerce na pandemia, entre 2020 e 2021, mas não resistiu ao crescimento da concorrência dos operadores privados. “A estatal precisa de uma melhora na eficiência para se reposicionar no novo mercado de entregas em que muitos marketplaces não utilizam mais os Correios, principalmente em cidades maiores, como São Paulo”, afirma o economista Joelson Sampaio, um dos coordenadores do Observatório das Estatais da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Sampaio pondera que os resultados precisam ser analisados com cautela. Ele ressalta que além de enfrentar o aumento da concorrência, os Correios mantêm entregas em localidades distantes, que muitas vezes não geram lucro e ficam descobertas por empresas privadas. “Esse é o grande desafio da modelagem dos Correios. Como garantir que uma empresa privatizada vai continuar entregando documentos essenciais em lugares que não trazem lucro nenhum?”

No começo do mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva retirou os Correios do Programa Nacional de Desestatização (PND). Os estudos para a privatização da empresa avançaram no governo de Jair Bolsonaro, quando uma proposta de desestatização foi encaminhada ao Congresso Nacional. O texto encontra-se parado no Senado. Para o senador Marcio Bittar (União-AC), relator do projeto, a entrada de empresas particulares no mercado de entrega é um movimento irreversível, que tende a desvalorizar a estatal.

“Nós perdemos a última janela para vender uma estatal que vale menos a cada ano. Daqui a pouco, ninguém vai se interessar pelos Correios, pois a empresa está perdendo importância e capital a cada dia”, opina o senador. Os números de janeiro a setembro de 2023 mostram ainda que a receita líquida dos Correios recuou 4,5% em nove meses ante igual período de 2022. Os custos, por sua vez, subiram 8,5%, o que derrubou o lucro bruto em cerca de 35% no período.

Apesar de as despesas operacionais terem recuado, o resultado antes dos juros e dos impostos reverteu o sinal, levando a um prejuízo. O desempenho operacional piorado foi determinante para explicar o prejuízo líquido no acumulado até setembro de 2023.

Os Correios atribuem a “situação desafiadora” que enfrentam a medidas adotadas pela gestão anterior. A empresa cita, por exemplo, o não provisionamento de passivos contábeis referentes a 2022, no total de R$ 2,2 bilhões. A companhia afirma já ter reduzido em mais de R$ 200 milhões a previsão de déficit anterior. “Vale destacar que de 2001 a 2018, o resultado acumulado da estatal foi positivo em R$ 10,7 bilhões”, disse.

A estatal também menciona a queda de receitas devido à deterioração de relacionamento com os maiores clientes, como marketplaces, e elenca outros fatores para os resultados. Entre eles, a defasagem tecnológica. A empresa afirma que, para reverter o quadro, a nova gestão implementou um plano de ações prioritárias de curto e médio prazos envolvendo iniciativas para ampliação de receita e investimentos e para modernização da infraestrutura.

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