Sábado, 19 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 17 de abril de 2025
Enquanto no Brasil a Lava Jato foi praticamente sepultada com a anulação da condenação de Lula após o STF concluir que houve vícios de origem nos processos, seu fantasma assombra outros países da América Latina. No auge da operação, entre 2014 e 2019, diversos governos foram envolvidos nas denúncias: Equador, República Dominicana, Panamá e El Salvador.
De longe, o país onde a operação foi mais avançou é o Peru. Ali, todos os presidentes eleitos entre 2001 e 2016 foram investigados. Alan García preferiu a morte ao cárcere, e tirou a própria vida cercado por policiais em sua casa, em abril de 2019. Pedro Pablo Kuczynski (PPK) foi indiciado e preso preventivamente, em 2020, após renunciar ao cargo. Alejandro Toledo foi condenado no ano passado a 20 anos de prisão por receber US$ 35 milhões em propina para a construção de uma estrada.
Ollanta Humala é o resultado mais recente da Lava Jato por lá. Assim como no Brasil, os peruanos também viram juízes e procuradores ganharem protagonismo, enquanto a credibilidade dos partidos ruía.
O procurador Rafael Vela se tornou uma espécie de Sergio Moro andino, em sua cruzada contra a corrupção. Em 2023, ele foi suspenso pelo Conselho do Ministério Público por criticar decisões judiciais que libertaram a líder opositora Keiko Fujimori, mas acabou reintegrado no ano passado. Ao contrário de Moro e Deltan Dallagnol, no entanto, ele não procurou uma carreira política. Pelo menos não até agora.
Retrospecto
A instabilidade que se seguiu à Lava Jato peruana foi mais ampla do que no Brasil. Os dois últimos presidentes eleitos, PPK e Pedro Castillo, não completaram o mandato.
PPK renunciou, ameaçado de impeachment. Seu vice, Martín Vizcarra, também deixou o cargo envolvido em escândalos. Coube aos interinos, Manuel Merino e Francisco Sagaste, concluir o mandato.
Castillo caiu após tentar um autogolpe, em 2022, e foi sucedido por Dina Boluarte, que também enfrenta problemas na Justiça. Em parte, a debilidade do sistema deriva da ditadura de Alberto Fujimori, que deixou de legado personalismo e desrespeito ao estado de direito. Desde então, partidos tradicionais, como a Apra, sumiram, e o Peru se tornou presa fácil para os populistas.
Asilo
Na terça-feira (15), foi a vez do ex-presidente Ollanta Humala ser condenado a 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro, em um desdobramento da Lava Jato no Peru. Sua esposa, Nadine Heredia, também foi condenada, mas recebeu asilo diplomático do governo de Luiz Inácio Lula da Silva no Brasil, onde se encontra desde o dia 16.
Segundo o Ministério Público peruano, Humala e Nadine teriam recebido propinas da Odebrecht (atualmente Novonor), que era responsável por grandes obras públicas no Peru. Com informações do Estado de S. Paulo