Um novo estudo, publicado na revista científica The Lancet na segunda-feira (11), trouxe detalhes inéditos sobre o impacto da pandemia na saúde global. De acordo o trabalho, a Covid-19 reduziu a expectativa de vida mundial em 1,6 anos, entre 2019 e 2021, devido ao alto número de mortes decorrentes à doença. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a estimativa é que cerca de 20 milhões de pessoas morreram durante a pandemia.
A pesquisa apresenta estimativas atualizadas do GBD (Global Burden of Disease Study) 2021. Os pesquisadores estimam que a pandemia fez com que a mortalidade global aumentasse entre as pessoas com mais de 15 anos, crescendo 22% entre os homens e 17% entre as mulheres, no período de 2019 a 2021.
O trabalho mostra também que, apesar da redução na expectativa de vida global, a mortalidade infantil continuou em queda durante a pandemia de Covid-19, com uma redução de 7% nas taxas de mortalidade entre crianças menores de 5 anos entre 2019 e 2021.
No entanto, ainda persistem diferenças significativas na mortalidade infantil entre diferentes regiões. Em 2021, uma em cada quatro crianças que morreram em todo o mundo vivia no Sul da Ásia, enquanto duas em cada quatro crianças que faleceram viviam na África Subsaariana.
“Nosso estudo sugere que, mesmo depois de fazer um balanço da terrível perda de vidas que o mundo sofreu devido à pandemia, fizemos um progresso incrível ao longo de 72 anos desde 1950, com a mortalidade infantil continuando a cair globalmente”, disse o co-primeiro autor, Hmwe Hmwe Kyu, Professor Associado de Ciências Métricas da Saúde no IHME (Institute for Health Metrics and Evaluation) da Universidade de Washington.
“Agora, continuar a desenvolver os nossos sucessos, enquanto nos preparamos para a próxima pandemia e abordamos as vastas disparidades na saúde entre os países, devem ser os nossos maiores focos”, completa.
Mortalidade entre idosos aumentou no mundo
Por outro lado, a mortalidade entre idosos aumentou em todo o mundo de forma nunca vista nos últimos 70 anos, segundo o estudo. No entanto, apesar das taxas altas de mortalidade, a pandemia não interferiu no progresso histórico da expectativa de vida — a esperança de vida ao nascer aumentou quase 23 anos entre 1950 e 2021.
“Para os adultos em todo o mundo, a pandemia da Covid-19 teve um impacto mais profundo do que qualquer evento visto em meio século, incluindo conflitos e desastres naturais”, afirma o coautor do estudo Austin E. Schumacher, professor assistente interino do IHME, na Universidade de Washington, em comunicado. “A esperança de vida diminuiu em 84% dos países e territórios durante esta pandemia, demonstrando os impactos potenciais devastadores de novos agentes patogénicos.”
Regiões com maiores taxas de queda na expectativa de vida
Segundo o estudo, países como Peru e Bolívia e a Cidade do México, capital mexicana, tiveram as maiores quedas na expectativa de vida entre 2019 e 2021. Além disso, os pesquisadores identificaram alta mortalidade durante a pandemia em países como Jordânia e Nicarágua, o que não era notificado nas estimativas anteriores sobre excesso de mortalidade para todas as idades.
Além disso, as províncias sul-africanas de KwaZulu-Natal e Limpopo registraram as mais elevadas taxas de excesso de mortalidade ajustadas à idade e os maiores declínios na esperança de vida durante a pandemia no mundo.
Por outro lado, regiões como Nova Zelândia, Barbados e Barbuda, ambos no Caribe, apresentaram as taxas mais baixas de mortalidade ajustadas à idade devido à pandemia durante o período analisado.