Na manhã desta segunda-feira (23), as CREs (Coordenadorias Regionais de Educação) amanheceram trancadas, com professores acorrentados às portas. Os Núcleos do Cpers estão realizando a atividade de forma simultânea por todo o Estado. De acordo com o Cpers, a ação dos educadores é “em repúdio ao remanejamento imposto pelo governo e para exigir que suas reivindicações sejam atendidas”, condição para o término da greve. Em resposta, o governo estadual convocou uma coletiva de imprensa nesta tarde, onde se pronunciou sobre o bloqueio de acesso às coordenadorias, que classificou como ilegal, irresponsável e um “ato político”.
Durante a coletiva, conduzida pelo chefe da Casa Civil, Fábio Branco, e pela secretária adjunta de Educação, Iara Wortmann, o governo estadual se posicionou contra a ação do Cpers. Segundo Fábio Branco, o governo vem dialogando com os professores, inclusive quanto à forma de parcelamento, privilegiando os que recebem menos e quitando os salários sem juntar folhas.
Como exemplo de diálogo e preocupação com a situação enfrentada pelos servidores, o chefe da Casa Civil também abordou iniciativas que seriam do governador Sartori. “O governador também entendeu importante encaminhar um projeto de lei para indenização tanto dos dias atrasados como do 13º, que foi uma determinação do governador”, disse Branco, lembrando que no momento os salários estão em dia.
Conforme Branco, o governo estadual vem buscando soluções para evitar a greve e não prejudicar os alunos, embora reconheçam o direito dos trabalhadores. Segundo ele, fruto dessa preocupação e, conforme Branco, de demandas de pais, surgiu a orientação para remanejo de alunos do nono ano do Ensino Fundamental e do terceiro ano do Ensino Médio para escolas em funcionamento.
Anunciada para começar nesta segunda-feira, a medida previa que cada uma das CREs tivesse uma comissão especial para tratar das transferências. Seriam cerca de 70 mil alunos concluindo o Ensino Médio e outros 60 mil o Ensino Fundamental.
“Isso [o bloqueio] desencadeou um processo que eu entendo como uma radicalização, politizando uma decisão que até o momento nós não tínhamos falado”, disse Branco, sobre a decisão do Estado de remanejar alunos. Segundo Branco, tendo sido pagos os salários, estariam atendidas as reivindicações.
Iara Wortmann chamou a atenção para outras consequências do bloqueio às CREs, como o impedimento da realização da Prova Brasil.
O Cpers afirma que em quase dois meses e quatro audiências o governo não fez proposta que considerassem justas, e que o remanejo de alunos quer “apenas deslegitimar” a greve, embora o governo sustente que o motivo é a recuperação. Segundo a entidade, o governo agiu de forma arbitrária e não dialogou com a categoria. O Cpers sustenta que há 60% dos educadores em greve.