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Colunistas Crase tim-tim por tim-tim (2)

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(Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Crase, pra que te quero? Pra indicar o casamento de dois aa. Um é sempre a preposição. O outro joga em dois times. Pode ser o artigo (a casa) ou a primeira letrinha do pronome demonstrativo (aquela, aquele, aquilo). A coluna passada tratou de algumas regras do acentinho tão manhoso. Falou no tira-teima e deu cinco alertas sobre ciladas que querem pegar o bobo na casca do ovo — pronome de tratamento, casa, terra, palavras repetidas e casaizinhos. Esta continua o assunto.

Nome de pessoa

Crase antes de nome de pessoa? É facultativa. Depende do artigo. Há regiões que o usam e regiões que o dispensam (a Lia, Lia):

Referiu-se à Maria. Referiu-se a Maria.

Dirijo-me à Paula? Dirijo-me a Paula?

Ambas estão corretas. Na primeira, usa-se o artigo. Na segunda, não. É questão regional.

Falsa crase

Escrever à mão? Escrever a mão? No troca-troca, temos escrever a lápis. Sem artigo, não há crase. Mas use o acento. Pela clareza.

Bater à máquina? Bater a máquina? Não há crase. Mas, sem o acento, o leitor pode entender que a máquina levou pancada. É a clareza.

Pagar à vista? Pagar a vista? No troca-troca, temos pagar a prazo. Sem artigo, não há crase. Mas a clareza pede o acento.

Resumo da opereta: em escrever à mão, bater à máquina, pagar à vista, não ocorre a fusão de dois aa. Mas a clareza pede o acento. É a falsa crase.

País, estado, cidade, bairro

Crase antes de nome de país, estado, cidade, bairro? Depende do artigo. Como saber se o a é bem-vindo? Há um verso que dá dica infalível. Ele manda substituir o verbo ir pelo voltar. Com o troca-troca, não há erro. Ei-lo:

Se, ao voltar, volto da, crase no a.
Se, ao voltar, volto de, crase pra quê?

Vou a França? À França? No troca-troca, volto da França. Nota 10 para vou à França.

Foi a Floripa? À Floripa? Voltou de Floripa. Ao voltar, volta de, crase pra quê? Vou a Floripa.

Vou à Barra da Tijuca? A Barra da Tijuca? Volto da Barra. Ao voltar, volto da, crase no a: Vou à Barra da Tijuca.

Vai a Brasília? À Brasília? Ao voltar, volto de, crase pra quê? Volta de Brasília. Vai a Brasília.

Vou a Miami. (Volto de Miami). Ao voltar, volto de, crase pra quê?

Vou à Bahia. (Volto da Bahia.) Ao voltar, volto da, crase no a.

Vou à Alemanha. (Volto da Alemanha.) Volto da? Crase no a.

Vou a Portugal. (Volto de Portugal). Volto de. Crase pra quê?

Cheguei a Natal. (Voltei de Natal). Sem artigo, nada de crase.

Nome masculino

Se é o casamento de dois aa, a crase é feminista. Conclusão lógica: o artigo masculino é o. Com ele, nada de juntar os trapinhos.

Obras a 500 metros. Metros é masculino. Antes de machinhos não ocorre o encontro de dois aa.

Andar a pé? Andar à pé? Pé é masculino. Xô, grampinho!

Há construções que enganam. Fingidas, escondem um feminino: Canta à (moda de) Roberto Carlos.

Exemplos de fingidoras: Corta o cabelo à (moda de) Neymar. Faz bicicletas à (moda de) Pelé. Móveis à (moda de) D. José.

Mais fingidoras: Fui à (Livraria) José Olímpio. Comprei móvel à (moda) Luís 14. Não fui à Rua da Praia, mas à (Rua) dos Andradas.

“Bife a cavalo” joga no time de “bife à milanesa”? Não. Em bife à milanesa, esconde-se fingidora: Bife (à moda) milanesa.

Nota

Há mais. É o assunto da próxima coluna.

Leitor pergunta

Xerox é palavra oxítona ou paroxítona?

Em português, há um pacto entre as palavras. As terminadas em x são oxítonas. O acento tônico cai na última sílaba. É o caso de inox, pirex, xerox.

No reino das palavras como no dos homens, há os rebeldes. Alguns vocábulos desrespeitam o trato. Querem ser paroxítonos. Aí, precisam do acento. O sinalzinho gráfico avisa que eles mudaram de time: Félix, ônix, tórax, fênix.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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