Febre nos Estados Unidos, as empresas de crédito on-line estão chegando no Brasil com a promessa de liberar dinheiro com facilidade, sem precisar dar garantia, para quem já não consegue financiamento nos bancos de varejo. São empréstimos concedidos pela internet e sem que o consumidor precise sair de casa para assinar o contrato. Os juros, porém, podem ser mais elevados do que nas principais modalidades tradicionais de crédito. A análise de cada caso é feita por algoritmos, que simulam cálculos, para definir o risco do empréstimo.
A financeira Sorocred oferece crédito on-line por meio da Simplic, correspondente bancário, desde o ano passado. Não há exigência de garantia, mas é preciso ter conta corrente no Bradesco, Caixa, Itaú ou Santander.
No site (www.simplic.com.br), o cliente pode selecionar o valor e definir a forma de pagamento – até três vezes. “O processo de aprovação é feito por algoritmos, mas a instituição financeira [a Sorocred, no caso] faz a análise do cliente”, afirma o diretor da Simplic, Rafael Pereira.
Na plataforma de empréstimo on-line Geru (www.geru.com.br), que começou a operar em março, o valor varia de 2 mil reais a 35 mil reais, e o prazo para pagamento é mais elástico: de 12 a 36 meses. Geru quer dizer dinheiro em japonês.
Nas duas, as propostas de crédito são preenchidas on-line, com dados como Cadastro de Pessoas Físicas e nome da mãe. Uma assinatura eletrônica confere autenticidade ao contrato. Se o crédito for aprovado, o dinheiro é transferido para a conta do cliente. “É conveniente. Ele faz o pedido de empréstimo de casa, sem qualquer tipo de constrangimento. Ninguém precisa saber que o crédito foi negado ou aprovado”, diz o fundador da Geru, Sandro Reiss.
A facilidade pode ter seu preço. Segundo simulação da Simplic, se o consumidor tomar emprestados 500 reais para pagar em uma única parcela, o custo efetivo total é de 24,68% ao mês – o que eleva o valor pago a 623,39 reais. Se parcelar em três vezes, o valor sobe para 712,50 reais (custo de 42,50% no período). No cartão de crédito, os 500 reais virariam 566,35 reais em um mês. Na Geru, ao contratar 10 mil reais por 24 meses o cliente pagaria 14.499,06 reais (custo efetivo total de 3,7% ao mês ou de 44,6% ao ano).
On-line
A incerteza sobre o perfil do cliente é o que faz com que os juros fiquem mais altos na modalidade on-line, sustenta o planejador financeiro Valter Police Junior. “O banco não sabe quem é o cliente, mas sabe que uma parte deles vai dar calote. Como recuperar esse dinheiro é mais difícil, a instituição joga essa incerteza nos juros, que sobem”, ressalta. (Danielle Brant/Folhapress)