Na quinta-feira (5), quando estourou o escândalo de assédio sexual envolvendo Silvio Almeida, a ONG Me Too Brasil tinha sido procurada por quatro mulheres relatando terem sido importunadas sexualmente pelo então ministro dos Direitos Humanos. Mas esse número cresceu na sexta (6) com a exposição do caso.
As investigações sobre esses episódios estão sob a responsabilidade do Ministério Público Federal e da Polícia Federal. As informações são do jornalista Lauro Jardim, do jornal O Globo.
Entre as supostas vítimas de Almeida está a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco (Igualdade Racial). Ela afirmou em reunião com outros ministros no Palácio do Planalto que foi assediada pelo então titular da pasta de Direitos Humanos.
De acordo com o site Metrópoles, que revelou a denúncia contra Almeida, o então ministro teria tocado na perna de Anielle em uma reunião na Esplanada e dado beijos inapropriados ao cumprimentá-la, além de usar palavras de cunho sexual e baixo calão.
Ao se pronunciar pela primeira vez após a revelação do caso, a ministra disse, por meio de nota, que “não é aceitável relativizar ou diminuir episódios de violência”, que “agir imediatamente é o procedimento correto” e que “contribuirá com as apurações, sempre que acionada”.
Denúncias
Entre janeiro e agosto deste ano, a Controladoria-Geral da União (CGU) recebeu 557 denúncias do tipo envolvendo servidores de órgãos e repartições federais, numa média de dois casos por dia.
Registradas nas ouvidorias de cada órgão, as denúncias são compiladas por auditores da CGU em um sistema que monitora cada procedimento aberto. Os canais de contatos para as vítimas vão desde ministérios, autarquias ou universidades federais. Para proteger as vítimas, os nomes envolvidos no caso são preservados sob sigilo.
Os dados da CGU mostram que o número de denúncias de assédio sexual na esfera federal tem crescido ano a ano. Em 2023 foi quando houve mais registros, com 920 ao todo. Em 2022 foram 531. Já em 2021, 178.
Quem caracteriza cada denúncia como assédio sexual são os próprios auditores da CGU, que centraliza os casos que chegam das ouvidorias. Quando necessário, são acrescentados novos elementos de prova para, então, encaminhar os casos para apuração pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal.
Em 2024, a maior parte das denúncias estão relacionadas a órgãos subordinados ao Ministério da Saúde e a universidades federais. Procurados, CGU e Palácio do Planalto não comentaram.
Silvio Almeida foi demitido um dia após a organização Me Too Brasil revelar ter recebido denúncias de assédio sexual contra ele. No caso dele, contudo, não houve registro no sistema oficial do governo. O então ministro negou as acusações, que chamou de “ilações absurdas” e, em nota após a demissão, disse que provará sua inocência.
“Repudio com absoluta veemência as mentiras que estão sendo assacadas contra mim. Toda e qualquer denúncia deve ter materialidade. Entretanto, o que percebo são ilações absurdas com o único intuito de me prejudicar, apagar nossas lutas e histórias, e bloquear o nosso futuro”, afirmou o agora ex-ministro.