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Por Redação O Sul | 26 de julho de 2019
Dados de pesquisa do Ministério da Saúde apontam aumento no consumo abusivo de álcool no País. Entre 2006 e 2018, o índice de brasileiros que afirmam tomar mais de quatro a cinco doses numa mesma ocasião cresceu 14,7%. Segundo o ministério, esse aumento tem sido puxado principalmente pelas mulheres —entre elas, o crescimento no período foi de 42,9% (o índice passou de 7,7% para 11%). Já entre eles, a variação foi de 4,8% (passou de 24,8% para 26%). As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
Os dados são do Vigitel, levantamento do Ministério da Saúde que investiga fatores de risco para doenças crônicas. Ao todo, foram ouvidas 52 mil pessoas acima de 18 anos que vivem nas capitais do País.
A métrica adotada na pesquisa, no entanto, é menor para as mulheres. Para homens, consideram como cinco doses ou mais em uma ocasião nos últimos 30 dias. Para mulheres, quatro doses ou mais.
Para o secretário de vigilância em saúde do ministério, Wanderson Oliveira, os dados mostram que os serviços de saúde precisam investir mais em campanhas de prevenção.
Ele atribui o aumento a mudanças sociais e comportamentais.
“As mulheres estão consumindo mais álcool, estão trabalhando mais também, tendo uma vida social muito mais ativa. A estratégia melhor é trabalhar a informação, os malefícios do álcool, para um consumo regular e social mais sustentável, porque não é aceitável um aumento tão expressivo. Precisamos intensificar ainda mais as campanhas de informação”, disse.
Além do crescimento maior entre as mulheres, o levantamento mostra ainda diferenças no consumo por faixas etárias. Entre os homens, o consumo de uma quantidade maior de doses em uma só ocasião foi mais frequente entre aqueles de 25 a 34 anos. Já entre mulheres, é maior na faixa de 18 a 24 anos.
Em ambos os gêneros, o consumo tende a reduzir com o avanço da idade, atingindo seu menor percentual entre pessoas de 65 anos ou mais.
Já entre as capitais, o índice de adultos que alegam ter feito consumo abusivo de álcool foi maior em Salvador, com 23,5%, e menor em Manaus, com 13,8%.
Entre homens, os maiores índices foram registrados em Palmas (32,5%), Salvador (31,6%) e Florianópolis (31%). Já entre mulheres, os percentuais mais altos foram registrados em Salvador (16,7%), Belo Horizonte (16,4%) e Vitória (15,5%).
O Ministério da Saúde diz que o consumo de qualquer tipo de bebida alcoólica pode trazer danos imediatos à saúde ou a médio e longo prazo. O indicador é fator de risco para o aumento de doenças crônicas e de agravos, como acidentes e violência.
Dados inéditos da pasta mostram que 1,45% do total de mortes registradas entre 2000 e 2017 estão totalmente atribuídos ao consumo abusivo de álcool —caso da doença hepática alcoólica, por exemplo. O balanço exclui mortes por acidentes e violências e outras causas parcialmente atribuídas.
Ainda segundo a pasta, os homens morrem aproximadamente nove vezes mais do que as mulheres por causas totalmente atribuídas ao álcool.
Dados da Organização Mundial de Saúde apontam que mais de 3 milhões de homens e mulheres no mundo morrem todos os anos pelo uso nocivo de bebidas alcoólicas. Ao todo, 5% das doenças mundiais são causadas pelo álcool.