O número de mulheres que trabalham nas empresas estatais federais vem crescendo ao longo dos anos, embora elas ainda sejam minoria. No ano passado, segundo o Relatório Agregado das Empresas Estatais Federais, o quadro dessas companhias tinha 38,5% de mulheres e 61,5% de homens. Por outro lado, o documento mostra que as mulheres têm conquistado espaço nos concursos mais recentes.
Antecipado pelo Valor, o relatório produzido pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) registra que em 2023 a diferença entre a participação de homens e mulheres era mais alta entre os empregados com mais de 11 anos de serviço na empresa, faixa na qual dois em cada três empregados são homens. Entre as pessoas com dez ou menos anos de serviço, a distribuição é de 51,3% homens e 48,7% mulheres, indicando uma relação mais equilibrada na dinâmica recente do quadro funcional das estatais.
“É uma agenda que está em construção”, diz a secretária de Coordenação e Governança das Empresas Estatais do MGI, Elisa Leonel, acrescentando que estudos compravam que a diversidade melhora resultados.
A secretária reconhece que há “desafios” que precisam ser enfrentados para aumentar a diversidade de gênero e raça dentro das empresas federais. Mas pondera: “As estatais nem faziam levantamentos sobre o assunto, então um primeiro desafio é coletar informação.”
Um dos levantamentos iniciais, realizado ainda de maneira preliminar, mostra que a participação de mulheres em conselhos de estatais passa por uma “melhora significativa”. Entre as iniciativas em elaboração pela pasta para acelerar esse processo, estão “um pacto de fortalecimento da diversidade” dentro das empresas, para ser “lançado em breve”, e a realização de concursos “ainda mais inclusivos”.
Elisa Leonel cita o Banco do Brasil (BB), do qual ela própria é conselheira, como exemplo de diversidade entre as estatais. De acordo com a secretária, o BB é uma das instituições financeiras com “diretoria e conselho de administração mais diversos do país”.
Em seu discurso de posse, em fevereiro do ano passado, a presidente do banco, Tarciana Medeiros, afirmou que “a diversidade estará presente como marca” da sua gestão. E em entrevista concedida ao jornal Valor Econômico em novembro, ela ainda disse que a instituição tem como metas que, até 2025, 30% de seus cargos de liderança sejam ocupados por mulheres e outros 30% por pessoas negras e etnias sub-representadas. Também afirmou que o banco trabalha para facilitar o acesso desses grupos a crédito e outros produtos, ao mesmo tempo em que desenvolve serviços mais inclusivos. Um dos resultados citados na ocasião foi o aumento de 9% no volume de crédito concedido a empreendedoras mulheres na comparação com 2022.
O relatório do MGI ainda mostra que no fim do ano passado os funcionários dessas empresas “tinham em média 45,8 anos de idade, com 15,7 anos em média de serviços prestados”. “Em relação ao gasto total com a remuneração e os benefícios de empregados, nota-se que, quando aplicada a correção pela inflação, o valor de 2023 é 12,8% menor que o de 2019, uma queda maior do que o dos 8,4% no número de empregados no mesmo período”, aponta o relatório. As informações são do jornal Valor Econômico.