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Por Redação O Sul | 18 de abril de 2018
O risco representado pela escolha do novo presidente da República, que pode mudar a política econômica, ultrapassou a inadimplência na lista das principais preocupações dos bancos no Brasil. Dado divulgado na terça-feira (17) pelo BC (Banco Central) mostra que 68% das instituições financeiras citaram as eleições como um risco.
A pesquisa, feita em fevereiro deste ano, mostra um salto de 10 pontos percentuais dessa preocupação em relação ao último questionário feito pelo BC, em novembro do ano passado. Enquanto isso, a inadimplência, que era citada por 67% dos bancos, caiu para 56% na mesma comparação. “Temas que até 2015 e 2016 eram os principais citados, como recessão e inadimplência, perdem espaço para o cenário político e o risco fiscal”, observou Paulo Souza, diretor de Fiscalização do Banco Central.
A situação fiscal do País, apesar de se manter como um ponto importante, foi apresentada como um risco por 56% dos entrevistados, uma leve queda em relação aos 59% da última pesquisa. O número foi divulgado na apresentação do Relatório de Estabilidade Financeira, divulgado a cada seis meses.
O BC começou a publicar os dados do questionário sobre risco da forma que é hoje em maio de 2017, portanto não é possível a comparação histórica. No relatório, o BC informou que não há razões para preocupação com a robustez do sistema financeiro.
Em simulações de situações que poderiam afetar a estabilidade das instituições, a autoridade monetária chegou à conclusão de que os bancos têm condições de fazer frente, com folga, a eventuais choques no caso extremo de uma corrida bancária.
Grandes empresas
O BC informou também que houve alta no percentual de “ativos problemáticos”, ou seja, empréstimos com maior risco de inadimplência, das grandes empresas. No relatório anterior, essa classificação atingia cerca de 6% das carteiras de crédito, percentual que subiu para 7,2% no fim de 2017.
No caso das pequenas e médias empresas, houve, porém, queda da participação das carteiras de maior risco no total. “Um dos motivos para isso é que são grandes empréstimos, que foram reestruturados em alguns casos em situação de recuperação judicial. Essas operações, como são maiores, tendem a permanecer mais tempo na carteira dos bancos. É um movimento natural”, disse o diretor do BC.
Expansão
A atividade econômica brasileira teve uma pequena expansão em fevereiro, mostram dados divulgados pelo Banco Central. O IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do BC) cresceu 0,09% no mês retrasado. Em janeiro, houve queda, de 0,64%, de acordo com dados revisados pela autoridade monetária.
Serviços
Após a frustração com o desempenho da indústria e do varejo neste início de ano, os dados que faltavam para compor um quadro mais claro da atividade econômica no primeiro trimestre — os de serviços— colocaram uma pá de cal nas expectativas mais otimistas para o PIB (Produto Interno Bruto) de 2018.
A percepção é que, ancorada em dados vacilantes, a economia ainda não engatou como era esperado e a recuperação por ora patina, cada vez mais dependente de um segundo semestre mais forte. O varejo dá sinais dúbios, afetado por 13 milhões de desempregados e um mercado de trabalho que reage na base da informalidade.