Quarta-feira, 11 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 9 de dezembro de 2024
Criadores de conteúdo do TikTok usaram o aplicativo, na última sexta-feira, para expressar seu choque e consternação, após um painel de juízes federais decidir, por unanimidade, manter uma nova lei que pode levar à proibição do popular aplicativo de vídeos chinês nos Estados Unidos até meados de janeiro.
“Estou tremendo, estou tão brava, tão ansiosa, porque o TikTok mudou minha vida”, disse a editora de livros Katie Wolf, de 38 anos. Ela encontra 80% de seus clientes por meio do aplicativo e não sabe o que faria sem ele.
“Vai ficar uma loucura”, disse o comediante Alex Pearlman, de 40 anos, em outro vídeo. “Não sabemos o que vai continuar monetizado, não sabemos como as TikTok Shops vão continuar funcionando. Faltam 44 dias até o app desaparecer”, disse.
“Dessa vez é pra valer, pessoal”, falou a artista e criadora de conteúdo Nicole Brennan, de 26 anos, em um vídeo compartilhado com seus 450 mil seguidores. Segurando um bagel e parecendo um pouco em choque, ela pediu para seu público segui-la no Instagram e no Bluesky.
Divisão
Para seus mais de 170 milhões de usuários nos Estados Unidos, o TikTok é uma fonte de notícias, entretenimento e renda — um fenômeno cultural com grande influência em praticamente todos os aspectos da vida americana.
O clamor de sexta-feira iluminou uma lacuna entre a política de Washington e o público americano em geral, já que muitos usuários do aplicativo pareciam ter apenas começado a entender que ele pode estar com os dias contados no país.
A resposta mais comum ao vídeo da editora de livros Wolf foi de descrença, ela disse em uma entrevista: “Para ser honesta, sinto que a maioria das pessoas simplesmente não achava que isso iria acontecer.”
Proibição
O TikTok, que é de propriedade da empresa chinesa ByteDance, vem enfrentando ameaças de proibição por duas administrações presidenciais, mas nunca esteve tão perto de ser banido. Um painel de três juízes no Tribunal de Apelações do Circuito do Distrito de Columbia negou a petição do TikTok para anular uma nova lei que exige que a ByteDance venda o aplicativo para uma empresa não chinesa até 19 de janeiro ou enfrente uma proibição nos EUA, com base em preocupações de segurança nacional.
Enquanto o TikTok argumentou que a lei excluía injustamente a empresa e que uma proibição violaria os direitos de liberdade de expressão dos usuários americanos, os juízes disseram que a legislação foi “cuidadosamente elaborada para lidar apenas com o controle de um adversário estrangeiro” e que não infringiu a Primeira Emenda.
A decisão reconheceu que os americanos “perderiam acesso a uma saída para expressão, uma fonte de comunidade e até mesmo um meio de renda”, mas que o Congresso ponderou esses riscos contra as preocupações de segurança nacional.
Futuro incerto
Daniel Daks, CEO da Palette Media, uma agência que representa mais de 230 estrelas das redes sociais, disse que sua empresa estava tentando alertar os criadores sobre a séria ameaça de que o aplicativo desaparecesse. Embora o futuro do TikTok seja incerto, ele disse que a empresa está aconselhando os clientes a construir sua audiência em outras plataformas e até mesmo a frear a tomada de grandes decisões financeiras pessoais.
“Temos alguns criadores querendo comprar casas agora, e estamos dizendo para eles esperarem até verem o que acontece com o TikTok”, disse Daks.
A criadora de conteúdo Brennan disse que o algoritmo do TikTok foi particularmente eficaz em colocar seus designs de bolsas, adesivos e brincos na frente de pessoas que poderiam gostar deles — e fazer compras. Ela estima que mais da metade de sua renda veio por meio do app, resultado de uma combinação de vendas, conteúdo patrocinado e programa de monetização da plataforma.
“Há milhões de pequenas empresas que dependem do TikTok para seu marketing, para alcançar clientes, para encontrar novos clientes e consumidores. Eu nunca tive um aplicativo antes do TikTok que tornasse tão fácil encontrar meu público”, disse.
Aaron Parnas, um advogado e criador de meio período que posta sobre as notícias para seus 1,2 milhões de seguidores no TikTok, disse que o governo não pareceu reconhecer o valor econômico da plataforma. Ele construiu dua audiência no aplicativo produzindo vídeos sobre notícias em seu tempo livre, acrescentando que, para ele, o TikTok era uma plataforma única para jornalismo de vídeo de curta duração.
“As pessoas na economia dos criadores estão muito preocupadas com os próximos passos porque não acho que haja nenhum outro aplicativo que permita que alguém se torne viral a qualquer momento”, falou.