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Crianças com uso excessivo de telas apresentam problemas de fala e linguagem, segundo estudo

É fundamental que a tecnologia seja utilizada de maneira moderada e adequada. (Foto: Freepik)

Atualmente, muitos bebês e crianças são expostos às telas de dispositivos digitais. Basta que tenham um por perto para despertarem grande curiosidade pelo uso, pelas formas e pelas cores. Embora a tecnologia seja uma parte essencial da vida humana, desde antes do nascimento, é fundamental ser utilizada de maneira moderada e adequada, especialmente no caso das crianças pequenas, que ainda não têm consciência dos impactos e efeitos dessa exposição.

Sobre os problemas decorrentes do tempo excessivo diante das telas, pesquisadores da Universidade de Canterbury, na Nova Zelândia, conduziram um amplo estudo e apresentaram conclusões importantes a partir de seus achados.

A pesquisa analisou o tempo de exposição às telas — incluindo televisão e o uso de dispositivos eletrônicos — em relação ao desenvolvimento da linguagem em crianças em idade pré-escolar e à interação entre pais e filhos. Foram avaliadas crianças de 0 a 5 anos na América Latina, América do Norte e Europa.

Dados do Reino Unido mostram que, em 2020, 81% das crianças tinham acesso a tablets em casa, comparado a 73% em 2015 e apenas 14% em 2012 (Ofcom, 2015; 2021). Além disso, em 2017, 51% dos bebês entre 6 e 11 meses usavam telas sensíveis ao toque diariamente (Cheung & Vota, 2016).

Nos Estados Unidos, os números também são preocupantes: o uso de dispositivos móveis por crianças em idade pré-escolar triplicou entre 2013 e 2017 (Rideout, 2017).

Descobertas relevantes

Os dados da pesquisa, coletados a partir de relatos dos pais, buscavam avaliar a capacidade e compreensão da linguagem das crianças. Os resultados indicaram que crianças pré-escolares que passavam mais tempo diante das telas apresentaram pontuações mais baixas em produção e compreensão da linguagem, além de menor proximidade com os pais.

Megan Gath, uma das pesquisadoras do estudo, afirmou que foi encontrada “uma relação linear, ou seja, quanto mais tempo passavam diante da tela, piores eram os resultados, especialmente nos casos de maior exposição”.

As acadêmicas Megan Gath, Brigid McNeill e Gail Gillon confirmaram que o tempo de tela na primeira infância impacta diretamente as habilidades das crianças ao ingressarem na escola. Elas acrescentaram que “o aumento drástico do uso de telas nos últimos anos pode, em parte, explicar a queda na preparação escolar das crianças”.

O estudo também revelou que crianças de 2 a 5 anos que passam muito tempo diante das telas têm maior probabilidade de desenvolver sintomas de ansiedade, depressão e isolamento social. Além disso, uma pesquisa longitudinal com 2.441 mães e crianças canadenses apontou que um maior tempo de tela semanal aos 2 e 3 anos estava associado a um pior desempenho em testes de desenvolvimento cognitivo, comportamental e social aos 3 e 5 anos, respectivamente.

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