Sexta-feira, 31 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 20 de outubro de 2022
A polícia prendeu, na quarta-feira (19), duas pessoas suspeitas da morte do motorista de aplicativo Alberto de Oliveira Gomes, em setembro deste ano, na Zona Norte do Rio. Uma delas é a viúva da vítima, Andréia Ramos Cortes, e a outra, o amigo dela, Marcos Filipe Oliveira Santana.
Andreia Ramos Cortes confessou participação nos crimes de homicídio qualificado e ocultação de cadáver do companheiro. Informalmente, a viúva narrou ter colocado no suco da vítima um medicamento que inibe as funções do sistema nervoso central e permite alguma sedação e a deixado, desacordada, em uma área de mata fechada, no Alto da Boa Vista. No fim da tarde desta quinta-feira, a viúva foi levada para o presídio de Benfica.
Já o outro acusado, Marcos Felipe, que é pai de santo num terreiro de umbanda, disse que não tem ligação com o crime. Em depoimento, afirma que só participou como um álibi de Andreia, afirmando que ela estaria em seu centro, em Tomás Coelho, no dia do desaparecimento. O corpo foi encontrado oito dias depois, já em adiantado estado de decomposição.
A polícia investiga se a motivação do crime foram os dois seguros da vítima no valor total de R$ 600 mil.
Na noite de 26 de setembro, às 21h49, câmeras de segurança da Vista Chinesa mostraram o carro dirigido por Alberto em movimento. Treze minutos depois, Andréia, viúva do motorista de aplicativo, aparece sozinha, andando pela rua.
A viúva chegou a registrar na delegacia o desaparecimento do marido. Mas os filhos de Alberto estranharam o comportamento dela durante o sumiço do pai.
Filhos suspeitaram
A filha Bruna Pereira Gomes foi até a casa onde Andréia morava com Alberto, dias depois do desaparecimento, e encontrou a madrasta e Marcos juntos.
“Quando a gente chegou lá, ele estava deitado na cama do meu pai, entendeu? Pô, uma pessoa que está com o marido desaparecido, está com um homem dentro de casa, ainda me chega um lanche? Entendeu? Quando a gente está desesperado, a gente não come, a gente não dorme, a gente praticamente não consegue fazer nada, a gente fica correndo para lá e para cá, como eu e meus irmãos ficamos. E foi isso que aconteceu”, disse Bruna.
“Eu estive com ele, sim. E eu sabia, dentro de mim eu sabia. Não podia comprovar, mas dentro de mim eu sabia que estavam os dois envolvidos”, completou.
O depoimento de testemunhas que estavam na Vista Chinesa no dia do crime foi determinante para a polícia pedir a prisão de Andréia e Marcos.
Um homem contou aos investigadores que viu Andréia do lado de fora do carro com Alberto sentado no meio-fio. Disse ainda que a vítima aparentava estar dopada e não conseguia se comunicar.
A testemunha afirmou ainda que ajudou a colocar Alberto dentro do carro. Que a mulher agradeceu e ele subiu na moto para ir embora. Mas andou somente uns cem metros e viu que ela manobrou o carro e voltou na mesma direção onde antes pedia ajuda.
O corpo de Alberto só foi encontrado dias depois, no Alto da Boa Vista, pela própria Andréia.
Ainda segundo uma testemunha, a mulher loura não demonstrou nenhum tipo de reação, nem tristeza, quando anunciaram ter localizado o corpo.
Andréia cuidou do enterro e chegou a dar entrevista, na porta do IML, no Santo Cristo, na Zona Portuária.
“O policial falou assim: ‘Dona Andréia, se fosse a minha família eu iria buscar’. Eu falei: ‘tudo bem’. Ainda dei mais um tempinho, fui buscar. Juntei um primo meu, mais os amigos que nós temos, e fui buscar”, disse Andréia em entrevista, na época.
A causa da morre de Alberto ainda não foi esclarecida pela polícia.
“Andréia foi ouvida em termos de declaração. Ela foi interrogada por nossos agentes e ela confessa participação. Ela assume que de fato planejou o crime e contou com o auxílio do Marcos. Cabia a ela drogar, dopar a vítima e a partir daí, levá-la até o Alto da Boa Vista, na Vista Chinesa, que é local ermo, que foi escolhido previamente por ambos para que ali o corpo fosse ocultado”, explicou o delegado Alexandre Herdy, da Delegacia de Homicídios (DH).
Os filhos acreditam que o assassinato foi planejado por causa do seguro de vida de Alberto.