Quinta-feira, 28 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 29 de maio de 2018
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
As estimativas de várias fontes chegaram à conclusão, ontem à noite, de que o prejuízo desde o começo da greve já atingiu 32 bilhões de reais. São 11 bilhões de empresas da iniciativa privada e 22 bilhões em tributos que deixarão de entrar nos cofres públicos, além dos subsídios para conter o aumento dos preços. Deve ser acrescida a redução de 126 bilhões de reais da Petrobras em valor de mercado. Suas ações se desvalorizaram 14 por cento ontem, provocando a maior queda da Bolsa de Valores em um ano. Os autores dos crimes contra a nação ficarão impunes, fazendo com que aumente a descrença nas instituições.
Movimento sem dono?
Ninguém desconhece que grandes empresários do setor de transporte de cargas estão por trás da greve sem precedentes no país. Todo o negócio envolve riscos e os empreendedores têm o legítimo direito de reivindicar, mas sem o poder destrutivo de agora.
Sacrifício e compreensão
Na metade da década de 1990, para que o Plano Real obtivesse êxito os produtores rurais suportaram a âncora verde sem provocar convulsão no país. Os preços baixaram rapidamente, fazendo com que o resultado do setor em 1995 ficasse 25 por cento aquém do que registrou em 1994. Ao mesmo tempo, os produtores arcaram com a taxa de juros em torno de 2,5 por cento ao mês.
Engessa tudo
Empresários, que foram forçados a suspender as atividades por falta de produtos e estão sem dinheiro em caixa, pedirão ao governo do Estado para adiar pagamentos de impostos. Não há como deixar de atender.
Pede demais
Em nota pública, a Ordem dos Advogados do Brasil diz que os caminhoneiros precisam ter temperança. Significa moderação, equilíbrio e parcimônia nas atitudes. Dá para pedir tudo aos grevistas, menos isso.
Gostaram
A paralisação prolongada decorre de um poder que muitos caminhoneiros se autoatribuíram. Parar ônibus em estradas, mandar o motorista abrir a porta, entrar, andar pelo corredor com ar de inspeção e liberar depois de algumas perguntas a passageiros são atitudes que demonstram: devem deixar o volante. A verdadeira vocação é de policiais.
Conversa de candidato
Henrique Meirelles diz que “é preciso reduzir as despesas federais e abrir espaço para diminuir os impostos, inclusive dos combustíveis”. Muito curioso: ele foi presidente do Banco Central (de janeiro de 2003 a janeiro de 2011) e ministro da Fazenda (de maio a 2016 a abril de 2018) e não tomou nenhuma iniciativa. Agora, que concorrerá à Presidência, tem fórmula mágica no bolso do colete.
O azeite esquenta
Subiu, ontem à noite, a chama da frigideira em que caiu o presidente da Petrobras, Pedro Parente. Setores do governo acreditam que sua saída seria o fato novo para abrandar a ira dos que não se conformaram com a política, por ele liderada, do sobe e desce quase diário dos preços.
É tarde
Com atraso de muitos meses, a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado realiza hoje duas audiências públicas sobre a política de preços dos combustíveis.
Palavreado de sempre
A leitura dos pronunciamentos de deputados federais sobre a greve dos caminhoneiros ontem, na tribuna da Câmara, levou a uma conclusão: não acrescentaram nada.
Paradoxo
A Imprensa mundial tem dificuldade em entender o racionamento de combustíveis num país que tem autossuficiência em petróleo e é detentor de grandes reservas na plataforma marítima. São jornalistas estrangeiros que ainda não ouviram o samba de Noel Rosa: “Coisas nossas, muito nossas”.
Questão de velocidade
Quando o governo é lento nas decisões, acaba atropelado pelos fatos.
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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