O primeiro debate eleitoral de 2024 entre o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o ex-presidente Donald Trump na noite de quinta-feira (27) terminou em uma série de ataques pessoais e troca de ofensas. Em um enfrentamento com uma série de ineditismos e que durou cerca de 1h40, os dois adversários se dedicaram a criticar os governos alheios, principalmente em pontos como imigração, guerra e economia – esta foi a primeira vez que um presidente e um ex-presidente ficaram cara a cara em um debate eleitoral nos EUA.
Veja, abaixo, alguns dos destaques do debate, o primeiro também entre dois candidatos que já ocuparam a presidência dos Estados Unidos:
Biden, que começou o debate morno e apático, começou a subir o tom de ataques ao adversário que marcou sua atuação no resto do enfrentamento ao falar de uma suposta crítica de Trump a veteranos de guerra.
O presidente acusou o adversário de já ter chamado veteranos de guerra de “otários e perdedores” e, ao falar de seu filho Beau Biden, que lutou no Iraque e morreu de câncer no cérebro em 2015, disse a Trump:
“Meu filho não é otário e perdedor. Você é um otário e um perdedor”. Trump exigiu um pedido de desculpas, que Biden não deu.
Os dois candidatos também investiram em uma série de ataques pessoais ao longo do debate – o que não costumava ser a estratégia de Biden em debates nas últimas eleições.
Joe Biden chamou Donald Trump de criminoso condenado e o acusou de fazer sexo com a ex-atriz pornô Stormy Daniels – pivô do processo em que Trump foi condenado em maio – enquanto sua então esposa estava grávida. O adversário negou.
Já Trump citou duas vezes o nome de Hunter Biden, filho de Joe Biden. No início de junho, Hunter foi condenado na Justiça em um caso envolvendo a compra de um revólver, enquanto lutava contra o vício em drogas. O republicano também se referiu a Hunter Biden como “criminoso condenado”.
Aborto
Como esperado, o tema do aborto entrou na pauta do debate, mas Trump avançou em argumentos antiaborto e disse informações falsas. Uma delas é a de que, segundo ele, democratas deixam que abortos sejam feitos “aos nove meses de gestação”, o que é falso. “Eles (democratas) fazem abortos aos oito meses, nove meses de gestação, até depois do nascimento”.
Joe Biden voltou a prometer restaurar, caso reeleito, a lei que garantia o acesso universal ao aborto nos EUA, a chamada Roe contra Wade, derrubata pela Suprema Corte dos EUA em 2022. Não especificou, no entanto, como fará isso – é provável que ele enfrente forte resistência da ala conservadora do Congresso.
Já Trump garantiu que não proibirá o acesso às pílulas abortivas, mas acusou Biden a incentivar “abortos que são feitos aos nove meses de gestação”.
Economia
O debate começou com um tema sensível para Biden: a inflação. Um dos moderadores questionou o presidente sobre o que ele tem a dizer a eleitores que sentem que a economia piorou na comparação com a gestão de Trump.
O presidente argumentou que o mundo pós-pandemia prejudicou a economia em diversos países e já partiu para atacar seu adversário, a quem acusou de causar uma situação de “caos” na economia.
Trump rebateu e acusou Biden de apenas favorecer economicamente imigrantes ilegais. “Os únicos empregos que ele criou foram para imigrantes ilegais”, disse o ex-presidente, que repetiu também o discurso de que imigrantes que entram nos EUA de forma ilegal são “terroristas que estão vivendo em hotéis de luxo de Nova York” e acusou Biden de “simplesmente deixá-los entrar”.
Resultado das eleições
Questionado sobre se aceitará resultado das eleições, Trump – que é julgado por tentar reverter o resultado do pleito de 2020 – tentou desviar da questão por duas vezes. Pressionado pela apresentadora do debate uma terceira vez, respondeu então que, “sem dúvida, vou aceitar o resultado das eleições se o resultado for justo e legal”.
A questão da idade do presidente, de 81 anos, foi também explorada por Trump, que já vinha investindo no argumento de que Biden sofre de lapsos de memória, o que o presidente nega. Biden e Trump, de 78 anos, são também os dois candidatos à presidência dos EUA mais velhos da história do País. As informações são do G1.