A Polícia Civil utilizará imagens de câmeras de segurança para tentar identificar os dois homens que assaltaram a igreja da Paróquia São Pedro Operário, bairro Fião, em São Leopoldo (Vale do Sinos), durante a realização de uma missa que era transmitida pela internet. O ataque foi cometido no início da noite de quarta-feira (15), quando o padre Ramiro Mincato e quatro fiéis estavam no local.
Quem estava acompanhando de forma on-line o culto deparou com uma cena insólita. Em meio à sua pregação, o religioso – enquadrado por uma pequena câmera posicionada sobre o altar – pediu socorro: “Pessoal, mandem a polícia aqui para a igreja, estamos sendo assaltados em plena missa!”.
A imagem não mostrou durante a transmissão a investida dos criminosos, que recolhiam celulares e dinheiro do pessoal, além da chave de um veículo. Um deles colocou o dedo sobre a própria boca, sinalizando ao padre para que permanecesse em silêncio. Fora o susto, ninguém se feriu – segundo as vítimas, a dupla dizia estar armada.
Finalizado o assalto, os dois homens fugiram pelo mesmo portão que haviam encontrado abertos ao chegarem à igreja. O culto prosseguiu, apesar do susto.
Até o final da noite desta quinta-feira (16), nenhum suspeito havia sido preso ou mesmo identificado. De acordo com as testemunhas, eles estavam de touca e máscara facial de proteção contra o coronavírus e são, provavelmente, usuários de drogas.
“Eu fico com pena, afinal são pessoas drogadas que precisariam ter a chance de internação clínica para recuperação”, afirmou Ramiro Mincato em entrevistas à imprensa após o assalto. “Eles até poderiam ter levado uma pancada [em referência a um pedestal do altar com quem o padre chegou a ameaçar a dupla], mas eu os perdoo.”
Vulnerabilidade
Segundo uma funcionária da secretaria paroquial, desde janeiro a Igreja já foi alvo de pelo menos outros sete incidentes semelhantes, também sem danos físicos às vítimas. Por conta dessa vulnerabilidade, a opção foi instalar câmeras, alarmes e sensores em áreas internas e externas do prédio.
Durante a realização de missas, no entanto, os alarmes costumam ser desligados, para não perturbar o andamento da cerimônia. Isso pode ter contribuído para o novo ataque.
Mincato garante que as “lives” serão mantidas, porém com medidas ainda mais severas para dar segurança: “Vamos deixar o portão fechado durante as missas e controlar quem entra, já que a igreja não está aberta ao público na maior parte do tempo, até por causa da pandemia”.
(Marcello Campos)