Quarta-feira, 23 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 21 de junho de 2019
A criptomoeda libra, criada recentemente pelo Facebook, entregaria grande parte do controle da política monetária de bancos centrais para empresas, disse o cofundador da empresa, Chris Hughes em artigo no jornal “Financial Times” desta sexta-feira (21).
“Se os reguladores globais não agirem agora, em breve poderá ser tarde demais”, disse Hughes.
Hughes também disse que as corporações à frente da nova moeda colocarão interesses privados à frente de interesses públicos.
O Facebook não respondeu imediatamente a um pedido da agência Reuters para comentar.
Hughes, um ex-colega do presidente-executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, já havia pedido desmembramento da rede social em artigo no jornal “The New York Times” em maio. O Facebook, então, rejeitou o pedido de Hughes para dividir a empresa em três.
A empresa tem estado sob escrutínio de reguladores em todo o mundo sobre suas práticas de compartilhamento de dados, bem como discurso de ódio e desinformação em suas redes.
Legisladores dos Estados Unidos pressionaram para desmembrar grandes empresas de tecnologia, bem como a regulamentação federal sobre privacidade.
A França está criando uma força-tarefa do G7 (grupo de países mais ricos do mundo) para estudar como bancos centrais vão garantir que criptomoedas como a libra serão regidas por leis que vão desde a lavagem de dinheiro até regras de proteção ao consumidor, afirmou François Villeroy de Galhau, presidente do Banco Central francês.
Segundo ele, a força-tarefa terá comando de Benoit Coeure, do conselho do Banco Central Europeu.
A França, que detém a presidência rotativa do G7, disse que não se opõe ao fato de o Facebook criar um instrumento para transações financeiras. Mas se opõe veementemente a que o instrumento se torne uma moeda soberana.
“Queremos combinar estar abertos à inovação com firmeza na regulamentação. Isso é do interesse de todos”, disse Villeroy a autoridades do setor financeiro.
O conceito de criptomoeda estável ainda precisa ser definido, disse Villeroy. Em particular, contra o que tais instrumentos sejam estáveis e como suas taxas de câmbio precisam ser determinadas.
Villeroy também pediu uma rede de autoridades nacionais contra o a lavagem de dinheiro, coordenada pela Autoridade Bancária Europeia, para levar a cabo medidas de emergência e até mesmo substituir as autoridades nacionais, em vez de criar uma agência europeia especializada.
Vários funcionários do BCE, incluindo Coeure, argumentaram a favor da criação de uma agência desse tipo nos últimos meses. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.