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Por Redação O Sul | 24 de julho de 2022
Segundo relatório da Organização Meteorológica Mundial, OMM, o desflorestamento está em seu nível mais alto desde 2009; 22% a mais de área florestal da Amazônia desapareceu em 2021 em comparação a 2020; geleiras andinas perderam 30% de área e seca no Chile antecipa crise hídrica na região.
Impactos climáticos extremos e alterações do clima, incluindo secas, tempestades, ondas de calor terrestres e marinhas e derretimento de geleiras estão afetando a região da América Latina e do Caribe, da Amazônia aos Andes.
Os dados são do estudo sobre a situação do clima na região, publicado pela Organização Meteorológica Mundial, OMM, e destaca os impactos do clima para ecossistemas, segurança alimentar e hídrica, saúde humana e pobreza.
De acordo com o relatório, as taxas de desmatamento na região foram as mais altas desde 2009, o que causa um impacto direto tanto para o meio ambiente quanto para a mitigação das mudanças climáticas.
Na América do Sul, a degradação da floresta amazônica é destacada como uma grande preocupação para a região, mas também para o clima global, especialmente pelo papel da floresta no ciclo do carbono.
Segundo o levantamento, o desmatamento na floresta amazônica brasileira dobrou em relação à média de 2009 a 2018, atingindo seu nível mais alto desde 2009. Além disso, 22% a mais de área florestal foi perdida em 2021 em comparação a 2020.
Efeitos econômicos e sociais
A OMM lembra que o último relatório do Ipcc mostra mudança nos padrões de precipitação, elevação das temperaturas e áreas passando por mudanças na frequência e gravidade de extremos climáticos, como chuvas fortes.
Com o aquecimento e o aumento da acidez dos oceanos Pacífico e Atlântico, um impacto maior deve ser visto na América Latina, ameaçando o abastecimento de alimentos e água.
O secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, explica que o levantamento mostra que riscos hidrometeorológicos, incluindo secas, ondas de calor, ondas de frio, ciclones tropicais e inundações, levaram à perda de centenas de vidas, danos graves à produção agrícola e infraestrutura, bem como deslocamento humano.
A análise do secretário-geral da OMM é confirmada pelo Escritório das Nações Unidas para Redução do Risco de Desastres, que registrou um total de 175 desastres durante o período 2020-2022.
Destes, 88% são de origem meteorológica, climatológica e hidrológica. Esses perigos foram responsáveis por 40% das mortes registradas relacionadas a desastres e 71% das perdas econômicas.
Um exemplo citado pelo relatório são as inundações e deslizamentos de terra nos estados brasileiros da Bahia e Minas Gerais levaram a uma perda estimada de US$ 3,1 bilhões.
Petteri Taalas adiciona que o estudo indica que o aumento do nível do mar e o aquecimento dos oceanos continuam a afetar os meios de subsistência costeiros, além do turismo, saúde, alimentação, energia e segurança hídrica, particularmente em pequenas ilhas e países da América Central.
De acordo com Taalas, em muitas cidades andinas, o derretimento das geleiras representa a perda de uma fonte significativa de água doce, usada para uso doméstico, irrigação e energia hidrelétrica.
Segundo a OMM, as geleiras andinas perderam mais de 30% de sua área em menos de 50 anos. Algumas geleiras no Peru perderam mais de 50% de sua área.
Mudança climática e pandemia
Na avaliação do representante da Comissão Econômica para América Latina e o Caribe, Cepal, o agravamento das mudanças climáticas e os efeitos da pandemia não apenas impactaram a biodiversidade da região, mas também paralisaram décadas de progresso contra pobreza, insegurança alimentar e redução da desigualdade na região.
Outra análise do relatório é que a saúde e o bem-estar serão afetados negativamente, juntamente com os ecossistemas naturais. A Amazônia, Nordeste do Brasil, América Central, Caribe e algumas partes do México provavelmente verão secas constantes, enquanto os impactos dos furacões podem aumentar na América Central e no Caribe.
Para Mario Cimoli, enfrentar esses desafios e seus impactos associados exigirá um esforço conjunto, com ações baseadas em ciência. Ele adiciona que o relatório é uma fonte crítica de informações científicas para a política climática e a tomada de decisões.