Sábado, 28 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 17 de outubro de 2017
Cristiano Ronaldo contestou as acusações de fraude fiscal e rejeitou fazer um acordo com a Fazenda da Espanha para pagar 14,7 milhões de euros (cerca de R$ 50 milhões) em impostos atrasados. A informação foi publicada pelo jornal espanhol “El Mundo”, nesta terça-feira (17), que teve acesso a um documento assinado pelo atacante do Real Madrid. Ainda de acordo com o jornal, o craque português declarou que a denúncia contra ele é “inconsistente, infundada e contrária à lei”.
Cristiano Ronaldo é acusado de ter cometido quatro delitos fiscais entre 2011 e 2014. O total da dívida com o fisco seria de 14,7 milhões de euros (cerca de R$ 50 milhões). Segundo o “El Mundo”, o jogador também declarou que acusação contra ele é baseada “no uso arbitrário de critérios contrários ao Direito Tributário e é facilmente removível por um observador objetivo”.
Esta não foi a primeira vez que Cristiano Ronaldo contestou as acusações de fraude fiscal e rejeitou qualquer tipo de acordo com a Justiça da Espanha. Em julho, durante depoimento à juíza Mónica Gómez Ferrer, da Audiência Nacional, ele também negou que tenha sonegado tributos.
“Eu sempre paguei impostos, sempre. Na Inglaterra e na Espanha. E sempre vou pagar. Como a senhora sabe, não posso esconder nada, seria ridículo da minha parte. Sou como um livro aberto. Não é preciso nada além de entrar no Google e digitar ‘Cristiano’ que aparece tudo. Por exemplo, na revista ‘Forbes’ sai tudo que eu ganho”, afirmou Cristiano Ronaldo à juíza.
Quem escapou recentemente da Justiça foi Neymar. Acusado de fraude fiscal e sonegação de contratos pelo Ministério Público espanhol, o craque brasileiro foi inocentado no início de maio. Neymar, no entanto, segue investigado por corrupção entre particulares, devido a supostas irregularidades em contratos envolvendo a transferência do atacante do Santos para o Barcelona em 2013.
Em meio ao imbróglio judicial com o Barcelona, Neymar e seu pai deixaram de ser sócios do clube espanhol. Neymar foi vendido para o PSG na janela de transferências do futebol europeu por 222 milhões de euros (cerca de R$ 822,1 milhões), recorde na história do futebol mundial.
A saída do brasileiro fez com que o Barcelona entrasse com ação trabalhista contra o jogador. O clube catalão cobra de volta parte da cláusula de renovação com Neymar por acreditar que foi vítima de descumprimento de contrato. Assim, o Barça requere 8,5 milhões de euros (R$ 31,9 milhões), mais 10% adicionais de juros.
Liga espanhola
Há mal-estar no mundo do futebol com o que eles consideram “problemas de segurança jurídica e transparência” na legislação espanhola. O que se esconde por trás desta situação? Por que este tipo de problema é mais comum em La Liga que no resto das grandes competições domésticas da Europa? Se perguntamos ao mundo do futebol, a resposta predominante da maior parte dos atletas é contundente: há sérios problemas de segurança jurídica e transparência.
“As autoridades e a administração não se sentaram com este setor, que é algo que ocorreu na Inglaterra com a Premier League”, disse Luis Briones, sócio-diretor de Baker & McKenzie. “Enfrentamos uma falta de especialização dos juízes, ao problema da residência fiscal e a mobilidade, ao caos interpretativo dos direitos de imagem, um custo fiscal elevado que em ocasiões se encarece mais que o dobro… É importante se adequar à legislação, à natureza econômica desta atividade. Não queremos que nos abaixem os impostos, queremos que as normas sejam claras”, acrescentou.
No contexto da celebração do World Football Summit 2017 (celebrado em Madrid nestes dias), várias vozes reconhecidas do esporte fazem uma profunda reflexão sobre o estado do futebol não só como modalidade, mas também como o grande negócio que representa em nível global.