Sábado, 21 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 26 de fevereiro de 2024
Um navio turístico foi impedido de atracar nas Ilhas Maurício no sábado (24) pelas autoridades do país devido a um risco sanitário. Alguns passageiros da embarcação, que tem ao menos 20 brasileiros a bordo, apresentaram sintomas de gastroenterite. Após testes e dois dias de espera, a população do navio foi liberada nesta segunda-feira (26) para desembarque, que deve ocorrer na madrugada de segunda para terça, no horário de Brasília (manhã de terça no horário local).
O cruzeiro tinha duração de 12 dias, saiu da África do Sul e tinha como destino as Ilhas Maurício no domingo (25). Eram previstas no trajeto três paradas em cidades sul-africanas, duas em Madagascar, uma na Ilha da Reunião e a última em Porto Luís, capital das Ilhas Maurício.
Segundo uma passageira do navio, algumas pessoas a bordo começaram a passar mal, com sintomas de gastroenterite, no meio da viagem, entre África do Sul e Madagascar. Por conta disso, o navio foi impedido de atracar na Ilha da Reunião, no Oceano Índico, e as autoridades da Ilhas Maurício estavam preocupadas com uma suspeita de cólera em passageiros.
O comandante anunciou nos alto-falantes um surto de cólera em alguns países da África, inclusive na costa leste da África do Sul, por onde passaram. Os sintomas de cólera e de gastroenterite são parecidos, com diarreia volumosa, náusea, vômitos, dor de barriga e cólicas intestinais.
Sem essa parada na Ilha da Reunião, o navio chegou às Ilhas Maurício na tarde de sábado (horário local), mas apenas se aproximou da ilha e diminuiu a velocidade. À noite, agentes sanitários subiram a bordo de máscara, pranchetas e termômetros. Eles colheram amostras de água, de comida e dos doentes e entrevistaram pessoas no hall principal do navio.
“Eu fiquei muito tensa e assustada. Imagina a situação, a poucos metros das Ilhas Maurício, sem poder sair de um navio e ainda à espera de resultados de exames que poderiam detectar casos de cólera aqui. Muito difícil manter a calma”, disse a jornalista Isabela Scalabrini, que está a bordo do navio com seu marido.
A autoridade portuária informou à Reuters que recolheu amostras de cerca de 15 passageiros que estariam isolados a bordo. As amostras demorariam de 24h a 48h para dar resultado e o desembarque estava proibido até uma negativa para cólera. Segundo a passageira ouvida pelo g1, em nenhum momento a tripulação do navio informou quantas pessoas estavam doentes.
O navio Norwegian Dawn tem 2.184 passageiros e 1.026 tripulantes a bordo, e cerca de 2.000 passageiros deveriam ter desembarcado em Porto Luís, segundo a autoridade portuária. Outros 2.279 novos passageiros eram esperados para embarcar no navio e fazer o trajeto inverso.
Segundo porta-voz da empresa Norwegian Cruise Line, assim que chegou a Porto Luís a tripulação contribuiu com as autoridades locais para garantir que as precauções sanitárias fossem tomadas.
Segundo as autoridades locais, “a decisão de não permitir o acesso do navio de cruzeiro ao cais foi tomada para evitar quaisquer riscos à saúde”.
Desembarque liberado
Nesta segunda (26), dois dias após chegar às Ilhas Maurício, uma boa notícia: o resultado dos testes saiu e a cólera foi descartada — era apenas gastroenterite. Com isso, os passageiros e a tripulação foram liberados para desembarque, que deve ocorrer na madrugada de hoje (manhã de terça-feira no horário local).
Segundo Isabela Scalabrini, a imigração dos passageiros foi realizada dentro do navio durante a noite.
“Na hora do anúncio do comandante de que os exames detectaram apenas casos de gastroenterite, eu até chorei de alegria. Muita gente pelo navio vibrou, foi uma sensação muito boa, sem doenças e liberados. Imagina ficar de quarentena de verdade aqui dentro, por dias?”, afirmou.
O navio atracou no cais de Porto Luís no início da tarde desta segunda (horário local), e desceram apenas alguns tripulantes.
Misto de tensão, vida normal e reclamações
Enquanto a autorização para atracar não era concedida, a programação do navio continuou normalmente, com piscina, show, jantares e brincadeiras para tentar relaxar os passageiros, contou Isabela. Não foi necessário isolamento, e de tempos em tempos o comandante dava atualizações nos auto-falantes.
Mas, segundo Isabela, o clima estava tenso no navio. Não só pela possibilidade de doença enquanto os resultados não saíam, mas também houve revolta de muitos por perderem seus voos. Muitos passageiros exigiram seu dinheiro de volta à Norwegian, que operou o cruzeiro, mas a empresa apenas ofereceu desconto em viagens futuras.
Ela não precisou reagendar o voo, mas ficará um dia no local, em vez dos três programados.