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Mundo Culto à personalidade de Vladimir Putin se fortalece entre os russos, deixando pouca margem para a ação de opositores

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Presidente russo deixa pouca margem para a ação de opositores e quer comandar país até 2022. (Foto: Reprodução)

É cada vez mais comum encontrar para comprar na Rússia camisetas com palavras de ordem ou mensagens patrióticas com a imagem poderosa do presidente Vladimir Putin como pano de fundo — com ou sem óculos escuros, de terno e gravata, sem camisa ou empunhando um arco e flecha. “A Crimeia é nossa”, diz um dos mais de dez modelos à venda em uma das lojas do aeroporto de Sheremetyevo, em Moscou. A reincorporação do balneário russo por excelência — dado de presente por Nikita Krushchev aos ucranianos ainda na época da União Soviética — pode ter gerado revolta no Ocidente, mas fortaleceu Putin e fez renascer um sentimento de que a Grande Rússia estava de volta à cena. A popularidade do líder russo, que acaba de ser escolhido a segunda personalidade mais importante da História do país (perde apenas para o ditador Josef Stalin) continua em alta, beirando os 85%. E o culto à sua imagem, seja com camisetas, canecas, matrioskas (as tradicionais bonecas russas de madeira) ou caixas de bombom, é a prova disso.

Milhares de pessoas foram às ruas no início de junho e em março deste ano contra o governo e contra a corrupção — mas nada que se compare aos protestos de 2011 e 2012, ou que ofereça riscos ao projeto do presidente-todo-poderoso de permanecer no comando do maior país do mundo até 2022, segundo analistas ouvidos pelo jornal O Globo. Pelo menos por enquanto. Nem por isso as manifestações deixaram de assustar o governo, que prefere não dar qualquer margem de manobra para movimentos de oposição, seja qual for.

Opositor

O atual líder da oposição Alexei Navalny, que coordenou as últimas manifestações, foi preso este mês e acaba de saber pela Corte russa que não poderá se apresentar para a eleição presidencial marcada para o ano que vem — irônica e, segundo especialistas, deliberadamente marcada para o dia 18 de março, a data da retomada da Crimeia três anos atrás. Navalny, que chegou a obter 27% dos votos para a prefeitura de Moscou há quatro anos, no entanto, não tem mais do que 2% hoje. Isso comprova que, apesar do barulho feito por ele nos últimos anos, não há espaço para oposição no país.

Os grupos que têm procurado as ruas ainda não seriam organizados, nem politizados. São sobretudo jovens, que pedem mais oportunidades e o fim da corrupção, sobretudo depois de dois anos consecutivos de recessão econômica, que, aparentemente, começa a ser revertida.

Quem tem feito mais barulho recentemente, contudo, são os futuros desalojados das centenas de prédios que estão para ser demolidos em Moscou — uma medida para dar espaço a novos empreendimentos em um grande projeto de renovação da cidade. O movimento na capital mostrou que os russos estão começando a se preparar para brigar por seus interesses, ainda que em nível local.

“Podemos dizer que os ativistas estão lutando pela soberania dos seus quintais. Se organizam em nível local onde ainda podem exercer alguma influência. Mas a batalha pela soberania do quintal pode se estender para a luta por um distrito da cidade, uma cidade inteira, ou, quem sabe, até mesmo o país”, disse o especialista em política doméstica do Centro Carnegie de Moscou, Andrei Kolesnikov.

Segundo ele, a crise fez com que os cidadãos se concentrassem em como resolver seus problemas do dia a dia e adaptar-se à nova realidade socioeconômica. Os novos ativistas, garante, se ressentem das tentativas do governo de interferir em seu espaço privado ou nas suas vidas cotidianas. Para Kolesnikov, na falta de uma competição política verdadeira, a eleição de 2018 será mais ou menos uma espécie de plebiscito sobre a confiança em Putin.

Em um café no centro de Moscou, de onde se veem as mudanças pelas quais a cidade tem atravessado, o sociólogo Denis Volkov, do Centro Iuri Levada, instituto de pesquisa independente, concorda que a voz das ruas não representa uma ameaça agora. Embora haja pessoas insatisfeitas com o governo, elas apoiam o sistema político e a figura de Putin.

“Não significa que não possa mudar, mas não a médio prazo. O declínio dos padrões de vida está estacionado. A recessão acabou. E, depois da retomada da Crimeia, a situação mudou. Foi bom para todo o sistema. De todo modo, ainda há um grande controle da mídia e do espaço político”, explicou.

Mais da metade da população ainda se informa pela TV, segundo Volkov. O sociólogo destaca que os movimentos de 2011 e 2012 provocaram muito mais tensão no governo. Naquela época, apenas 20% das pessoas queriam que Putin permanecesse no poder e 50% queriam outro em seu lugar. (AG)

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