O ex-deputado federal Eduardo Cunha fica calado durante depoimento à Polícia Federal sobre fraudes na Caixa Econômica Federal
O ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ficou calado durante o depoimento prestado na manhã desta sexta-feira (14) na sede da Superintendência da PF (Polícia Federal), em Curitiba, no Paraná, no âmbito da Operação Cui Bono, que investiga irregularidades na liberação de créditos da Caixa Econômica Federal. A investigação começou a partir de informações colhidas em um antigo celular de Cunha. O depoimento do ex-deputado começou às 11h.
Segundo o advogado dele, Délio Lins, Cunha não respondeu aos questionamentos porque eles são referentes a uma ação penal que tramita em Brasília. “Ele vai responder às perguntas em juízo”, afirmou. Cunha deixou o CM P (Complexo Médico-Penal), em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, onde cumpre pena em regime fechado para prestar depoimento na Superintendência da PF. As investigações sobre o pagamento de propina para a liberação de recursos do banco estatal acontecem no Distrito Federal.
O ex-deputado negocia um acordo de delação premiada com a Operação Lava-Jato, e, por isso, havia a expectativa de que seu depoimento fizesse revelações sobre o caso.
O principal alvo da Operação Cui Bono é o ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), que foi nomeado vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa durante o governo Dilma Rousseff. Além de Geddel, fariam parte do esquema o lobista Lucio Funaro, Eduardo Cunha, e Fábio Cleto, ex-vice presidente de Governo e Loterias da Caixa – que fechou no ano passado um acordo de delação premiada.
Geddel cumpre prisão domiciliar na Bahia e Funaro está na carceragem da PF em Brasília. Segundo investigações, Cunha e Geddel teriam intermediado pelo menos 1,2 bilhão de reais em operações financeiras de empresas privadas junto à CEF (Caixa Econômica Federal) em troca de propina. Elas tiveram início a partir da apreensão de um telefone celular de Cunha durante a Operação Catilinárias, em dezembro de 2015. A PF encontrou mensagens de texto no celular do ex-presidente da Câmara referentes ao período em que Geddel foi vice-presidente de Pessoa Jurídica da CEF, entre 2011 e 2013.
Foi o delegado Maurício Moscardi, de Curitiba, quem conduziu a oitiva. Entretanto, as perguntas vieram da PF de Brasília.
O advogado de Cunha chegou à PF com a mulher do ex-deputado, Cláudia Cruz. Sexta-feira é dia de visitas no CMP. Como Cunha tinha o depoimento na PF, a visita foi transferida de local.
Mulher absolvida
Claudia foi absolvida no dia 25 de junho. Na sentença, Moro alegou que, embora os gastos da jornalista no exterior tenham sido extravagantes, não havia provas de que ela teve participação nos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro praticados por seu marido.