A pouco mais de um mês para terminar seus quatro anos como presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) tem reclamado, nos bastidores, sobre a “falta de carinho” de Lula com os deputados. Em conversas com aliados, Lira tem avaliado que só o pragmatismo de Lula não basta. Para o deputado alagoano, é preciso que o atual chefe do Palácio do Planalto receba os parlamentares para conversar.
Segundo interlocutores, Lira já chegou até mesmo a comparar Lula e Dilma Rousseff, dizendo que a petista, que sofreu impeachment, recebia mais deputados que o atual presidente. O chefe da Câmara avalia, nos bastidores, que até mesmo os ex-presidentes Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL) também ouviam mais as demandas dos parlamentares que Lula.
Lira lembra, segundo aliados, que os churrascos que Lula costumava fazer com parlamentares em outros mandatos deixaram de existir no atual governo e têm feito falta.
Na avaliação de integrantes da cúpula da Câmara, quem de fato entrega votos ao governo são as siglas de centro, a exemplo da votação de propostas do pacote de gastos que dividiram parte da base aliada. As matérias foram votadas com menos de um mês de negociações.
Nessa semana, na véspera do recesso parlamentar, os deputados aprovaram três propostas elaboradas pela equipe econômica do governo. Os textos chegaram no fim de novembro, após várias semanas de negociações. O timing foi criticado por congressistas, que avaliaram como curto o tempo para análise e votação das matérias.
Apesar de críticas sobre o pacote de ajuste fiscal ter sido “desidratado”, a avaliação interna da cúpula da Câmara é que mudanças eram inevitáveis e que o governo poderia ter atuado mais na articulação. Ainda assim, líderes negam que as alterações terão impactos significativos.
Na avaliação de um cardeal no centrão, essa configuração da Esplanada não saiu “equilibrada” desde a transição. Agora, isso fica evidenciado ainda maior, segundo ele, com as entregas de cada partido nas votações do Congresso Nacional e sua representatividade na Esplanada.
Deputados que integram a cúpula da Câmara avaliam que o presidente Lula (PT) precisa intensificar seu contato com os congressistas e atuar mais na articulação política de seu governo. Além disso, dizem que se o petista quiser azeitar a sua base de apoio no Congresso, uma eventual reforma ministerial deverá incluir trocas no Palácio do Planalto — hoje ocupado somente por petistas.