Domingo, 10 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 25 de abril de 2020
Fernanda Paes Leme viveu dias de insegurança ao ser diagnosticada com Covid-19 na segunda semana de março, quando se tinha poucas informações sobre a doença no Brasil. Ela estava sozinha em sua casa no Rio de Janeiro e assim permaneceu até que seu corpo respondesse e o período de quarentena chegasse o fim. Agora, curada, a atriz tem passado os dias em São Paulo com a família e se envolvido em causas para ajudar quem não tem as mesmas condições financeiras.
Em bate-papo com Marie Claire em meio à divulgação de seu novo filme, Ricos de Amor, que estreia dia 30 na Netflix, ela falou sobre a experiência com a doença e disse não romantizar a situação. “Estou muito realista em relação a tudo, não me vejo fazendo planos de absolutamente nada. Temos que viver um dia de cada vez”.
Marie Claire. Qual foi o impacto que a Covid-19 teve na sua vida e o que pretende fazer quando tudo isso passar?
Fernanda. Na minha vida a primeira coisa que mudou, sem dúvida, foi essa experiência que eu tive de ter ficado isolada sozinha, bem no começo, quando o Brasil estava tentando entender o que era isso. Hoje a gente tem mais informações. Tive incertezas, inseguranças, senti medo. Sem dúvidas sou uma pessoa antes e depois do teste do coronavírus. Sem romantizar absolutamente nada, depois que passou me deixou aliviada, mas não tranquila. Estou muito realista em relação a tudo, não me vejo fazendo planos de absolutamente nada. Temos que viver um dia de cada vez. Acredito que estou autoimune, mas ainda é incerteza. Meu programa de viagens com a Luana (Xavier) estava caminhando para segunda temporada, mas é inviável agora, o Desengaveta também. Mas estou sendo realista e sem me cobrar produtividade.
Acredita que passaremos por uma grande transformação após tudo isso?
Só vai se transformar aqueles que têm compaixão. Mais que empatia, compaixão mesmo. Muita gente não tem, temos visto isso. Por exemplo, as pessoas que podem estar em casa e não estão. Não acho que todas as pessoas estão no mesmo barco, enquanto houver desigualdade não estamos, e nem todas olhando para dentro de si. Gosto desse otimismo que o mundo não vai ser o mesmo, é uma coisa óbvia, mas ainda tem gente que vive numa bolha, que não saiu dela durante essa pandemia e que vai continuar, como se estivessem de férias. Fico brava com isso.
Mudou algo em sua relação familiar?
Eu estava acostumada a ficar distante da minha família, moro sozinha desde os 19 anos. Mas estar sozinha doente me fez sentir muita falta deles, principalmente de valorizar os momentos que estava com eles. Às vezes estava com eles, mas ficava no celular. Aprendi a dar valor a pequenas coisas do dia a dia. Por exemplo, outro dia a minha mãe pintou meus cabelos brancos, isso foi algo inédito, nunca tínhamos feito isso juntas.
O que tem feito para manter a leveza?
Estou assistindo muitas séries, lendo. Acredito que o filme (Ricos de Amor) vai trazer um suspiro nesse momento, é um filme leve, para ver com a família. Acho que não podemos nos alienar, mas precisamos de leveza, valorizar o momento com quem está do nosso lado, para quem tem privilégio de poder estar em casa. O entretenimento ajuda muito nisso, tem que ser muito exaltado.
Falando em entretenimento, você assistiu à live de Sandy e Junior?
Só um pedacinho, eu estava entregando marmitas na cracolândia (região da área central de São Paulo que a concentra muitas pessoas em situação de rua) no mesmo horário. A ação faz parte de um projeto muito legal chamado Amor ao Próximo.
Como é esse projeto?
É de um amigo, o estilista Alexandre Pavão. Ele pegou restos de tecidos da marca dele e confeccionou máscaras. 100% das vendas estão sendo revertidas para ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade, seja em situação de rua, desempregadas, muitos refugiados, principalmente bolivianos que trabalham para grandes marcas e estão sem nenhum tipo de ajuda. Além das marmitas também entregamos cestas básicas. Acredito que ações assim faz bem para quem recebe, e mais ainda para quem faz. Também estou ajudando pessoas no Complexo do Alemão e da Cufa (Central Única das Favelas). Eu não ia conseguir ficar só dentro de casa. O projeto do Alexandre é bem familiar, realmente me identifiquei pra colocar a mão na massa. Deixei informações nos destaques do Instagram para quem quiser ajudar.
Falando sobre o filme Ricos de Amor, a sua personagem, Alana, se envolve com Igor (Jaffar Bambirra), acreditando que, na verdade, ele é Teto (Danilo Mesquita), o herdeiro da empresa. Conta um pouquinho sobre ela?
A Alana é consultora de RH e o chefe pede para ela dar uma atenção ao filho do dono da empresa. Já entra no assunto da meritocracia, uma coisa que ela já está acostumada. Mas eu defendo muito ela porque na minha cabeça, e acredito muito que na dela também, o que mais encanta ela é justamento que ele é o oposto de qualquer filho de dono da empresa. Tem uma sensibilidade que faz ela se envolver. Todo mundo passa o filme achando que a Alana tem outro interesse, quando na verdade ela está apaixonada. Na minha opinião é real, é de verdade.