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Comportamento “Dá para controlar decisões impulsivas com mudanças de hábitos”; diz psicóloga que venceu a compulsão alimentar

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Emma Seppälä estuda como reconhecer emoções e lidar com elas. (Foto: Divulgação)

Quando se trata de seu cérebro, quem está no comando: você ou o bombardeio de estímulos e pensamentos recebidos? Em “Sovereign: Reclaim Your Freedom, Energy, and Power in a Time of Distraction, Uncertainty and Chaos”, Emma Seppälä, psicóloga com passagens por Yale e Stanford, argumenta que a modernização forçou o cérebro humano a entrar em um modo altamente reativo, infestando-o com informações e ruídos ininterruptos.

Para nos acalmarmos, afirma Seppälä, adotamos sem pensar uma série de mecanismos de defesa, alguns dos quais são autodestrutivos, desde alimentação excessiva e ingestão de álcool até explosões de raiva e retraimento social. Entretanto, existem maneiras de interromper nossas reações automáticas e lidar com elas de forma mais ponderada, argumenta Seppälä em entrevista publicada por O Globo.

Relação com a comida

1. No livro, você descreve uma experiência marcante na faculdade envolvendo sua relação com a comida. O que aconteceu?

A partir dos 16 ou 17 anos de idade, desenvolvi um distúrbio alimentar. Eu comia em excesso quando estava me sentindo mal, e depois me sentia pior. Era um hábito viciante, uma compulsão.

Na faculdade, em 1996, fui a uma sessão de meditação. Nela, você ficava olhando para o carpete por uma hora. Pensei: “Nunca mais vou fazer isso de novo”.

No entanto, depois disso, me senti em paz. Então, no dia seguinte, me senti para baixo novamente. Havia um resto de pizza velha no quarto do dormitório. Não era nem do tipo que eu gostava; era nojenta. Porém, tive o impulso de comê-la, porque era isso que eu fazia quando me sentia mal.

De repente, uma luz se acendeu em minha cabeça e eu pensei: eu sempre choro depois de me alimentar compulsivamente, e isso me faz sentir um pouco melhor, então por que não choro primeiro? Naquele momento, pensei: ok, vou chorar e depois vou comer o quanto quiser.

Mas, quando terminei de chorar, não precisava mais comer de forma compulsiva, e nunca mais fiz isso.

2. O que você acha que aconteceu naquele momento?

Durante a meditação? Eu não tinha ideia; estava apenas esperando que acabasse. Naquele momento, não notei nada, somente que me senti mais calma depois. Mas foi no dia seguinte que percebi que a meditação havia aberto um espaço de consciência e percepção em minha mente que não existia antes.

Meditação

3. Você defende que isso não foi um caso isolado ou casual, mas que há ciência por trás de sua experiência?

Atualmente, há um número considerável de pesquisas sobre a neurociência da meditação, mostrando que ela melhora a autoconsciência, a regulação das emoções, o autocontrole e muitas outras coisas. A maioria das pessoas, se forem honestas consigo mesmas, recorre a algum tipo de hábito para lidar com a situação quando se sentem estressadas ou deprimidas.

Pense em comida, álcool, doomscrolling — ato de passar muito tempo consumido notícias ruins on-line —, entretenimento, compras e até mesmo excesso de trabalho e de exercícios. A maioria dos adultos nunca foi educada sobre o que fazer com as emoções negativas.

O vício não se refere apenas ao uso de substâncias. Trata-se de tentar evitar um sentimento. Trata-se de tentar escapar. Você sabe que não é bom para você, mas faz isso mesmo assim porque não gosta do estado atual em que se encontra, seja sentindo dor, tristeza, perda ou vergonha.

Por quê? Porque sua compulsão naquele momento é mais forte do que sua consciência. Você está pensando a curto prazo, porque as áreas primitivas do seu cérebro controlam sua capacidade de discernir e estar ciente do que é bom para você. Você está hiperfocado no alívio do que está vivenciando e a ansioso para mudar isso.

Esse desvio ocorre porque as partes do cérebro que servem para a tomada de decisões e o autocontrole — como o córtex pré-frontal — muitas vezes não funcionam adequadamente no calor do momento. Isso permite que as áreas cerebrais mais antigas que compartilhamos com nossos ancestrais evolucionários (como os roedores) dominem a mente.

Essas áreas, como a amígdala, emitem sinais rápidos e não refinados sobre possíveis ameaças e recompensas. Elas são importantes para nossa sobrevivência imediata, mas podem tomar decisões erradas sem que o córtex pré-frontal nos dê uma visão mais ampla sobre o que é bom para nós no longo prazo.

Pesquisas mostram que, quando você medita, está fortalecendo esse caminho neural para a autoconsciência. Você está expandindo sua capacidade de ter consciência e, portanto, controle sobre suas próprias emoções, sem ser vítima de comportamentos compulsivos. A meditação, por cultivar a autoconsciência, permite que você ganhe perspectiva e, assim, adquira naturalmente o autocontrole.

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