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Por Redação O Sul | 7 de agosto de 2018
O comando do PT recebeu análises de especialistas que detectaram um crescimento no número de eleitores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que já não acreditam que ele será candidato a mais um mandato – o terceiro – ao Palácio do Planalto.
De acordo com essas informações, o eleitorado petista começou a se mover sozinho, em busca de um “candidato do Lula”, independentemente de o partido apresentar um nome para substituí-lo. Isso pode sinalizar uma diminuição no tamanho do grupo que declara intenção espontânea de voto no político que governou o Brasil por dois mandatos consecutivos (2003-2011) e com altos índices de popularidade.
De acordo com o jornal “Folha de S.Paulo”, o levantamento chegou à direção da legenda no último sábado, quando caciques petistas discutiam a possibilidade de indicar um vice na chapa de Lula com perspectivas reais de substituí-lo. O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (2013-2016) acabou sendo o indicado.
As mesmas análises mostram que o ex-presidente consegue manter a capacidade de transferência de votos verificada em pesquisas já divulgadas. Quando Haddad e o ex-governador baiano Jaques Wagner foram testados como candidatos apoiados pelo líder maior do partido, chegaram a emparelhar com os primeiros colocados.
Argumentação
Para tentar vencer resistências internas a Haddad (que entrou na CNB, corrente majoritária petista) argumentam com os seus correligionários e aliados que ele poderia representar o ex-presidente nos debates, entrevistas e eventos dos quais Lula não pode participar, inclusive nacionalizando o seu nome e fortalecendo a imagem do partido.
Além disso, afirmam que o ex-prefeito tem o apoio da juventude petista. O seu desafio, porém, é melhorar o discurso (considerado por determinados setores como “empolado” e “bastante frio”, dentre outros adjetivos) e crescer entre os eleitores da Região Nordeste, principal reduto da sigla.
De acordo com advogados do PT especializados em direito eleitoral, com Haddad sacramentado será possível indicar um novo nome como vice quando o ex-presidente for oficialmente declarado inelegível.
O calendário causa divergência dentro do próprio TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Há quem avalie que a oficialização das chapas deve ser feita até o dia final para o registro das candidaturas, como ocorreu até a eleição passada — neste ano, a data é 15 de agosto.
Mas uma manifestação da Corte sobre o fim do prazo das convenções, em 5 de agosto, abriu margem para dúvidas e fez com que os partidos acelerassem os seus prazos para o domingo passado.
Em pronunciamento à imprensa já na madrugada de segunda-feira, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), reafirmou que o registro da candidatura de Lula será feito em 15 de agosto e que o ex-presidente pediu que ela fizesse o convite oficial a deputada estadual gaúcha Manuela D’Ávila (PCdoB) para vice na chapa.
Gleisi também frisou que a partir de agora, Haddad “vai vocalizar a campanha” do PT, mas que Manuela “percorrerá com ele o Brasil” em defesa do programa da chapa. Disse, ainda, que a antecipação das definições da chapa para este fim de semana foi fruto de uma “reinterpretação dos dispositivos da legislação eleitoral” para “colocar mais um obstáculo para Lula não disputar a eleição”.
Haddad, por sua vez, exaltou o ex-presidente como “o maior líder político do Brasil” e disse que será “um prazer levar a voz do Lula para todos os rincões do País”. A partir de agora, Haddad falará em nome de Lula e do partido, com credenciais para defender o programa de governo, do qual foi coordenador, enquanto o ex-presidente não for barrado com base na Lei da Ficha Limpa.
O ex-presidente está preso em Curitiba (PR) desde a noite de 7 de abril, após ser condenado pela Operação Lava-Jato a 12 anos e um mês de cadeia por corrupção e lavagem de dinheiro, no caso do triplex do Guarujá (SP).