Domingo, 12 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 3 de março de 2024
Que fazer exercícios regulares deixa a vida mais leve e longa, todo mundo já sabe – até os que não conseguem praticá-los. A novidade do estudo publicado no jornal alemão Frontiers in Human Neuroscience é que a dança pode ser mais benéfica para a saúde que atividades físicas convencionais, como bicicleta e caminhada.
Segundo a pesquisa, além de todos os benefícios que a malhação tradicional traz à saúde, como fortalecimento da musculatura e dos ossos, melhoria das funções imunológica e cognitiva e preservação das habilidades motoras, a prática ainda atua na memória, diminui a chance de desenvolver demências e mexe num ponto fundamental para a vida, especialmente de pessoas com mais de 65 anos: o equilíbrio.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 35% das pessoas com mais de 65 anos de idade sofrem quedas a cada ano, proporção que sobe para até 42% para as pessoas com mais de 70 anos.
Esse, no entanto, é apenas um dos atrativos para trocar os tênis de corrida pelas sapatilhas (ou os pés descalços) – o que, por si só, já é um incentivo. Um dos mais importantes, principalmente entre os mais maduros, é a inclusão que a atividade oferece.
“O idoso às vezes enfrenta barreiras que podem dificultar a prática regular de exercícios físicos. Podem ser doenças crônicas, problemas sensoriais (déficits auditivo e visual), cognitivos, perda de capacidade física. Tudo isso contribui com uma diminuição da adesão, do engajamento com a atividade que a gente propõe”, destaca Luca de Manzano Zarattini Gomez, médico e preceptor da Residência Médica de Geriatria da Unifesp.
É aí que a dança ganha um papel importante. “A dança surge como uma alternativa muito interessante porque pode ser praticada por pessoas com diferentes perfis de capacidade física e cognitiva”, garante o geriatra.
Fora que a interação social e a expressão artística, aponta Luca, podem aumentar a motivação para permanecer na atividade, além de trazer uma memória do bem-estar emocional, psicológico e físico.
“Um desafio enorme no envelhecimento é conseguir promover a integração. Com a dança, a gente consegue fortalecer esse senso de grupo, o engajamento. E isso tudo também é benéfico para a proteção da demência, por exemplo.”
Os aspectos psicológicos são outros que apresentam ganhos notáveis com a atividade. “A gente vive em um mundo muito conectado, muito acelerado. Ter um momento como esse sem dúvida é um fator protetivo para problemas de humor e ansiedade.”
E tem mais. As pessoas que dançam são mais ativas e por isso acabam adoecendo menos, vivendo mais e melhor.
É o que provam as aulas de Movimento Dança, método de sensibilização criado por Betina Guelmann. Há seis anos, a bailarina, pesquisadora do movimento e terapeuta corporal recebe alunos com idades entre 20 e 93 anos em seus cursos.
“Ali é para cada um descobrir a sua dança, uma dança que não é técnica, que fala dos movimentos do dia a dia , dos nossos gestos”, explica Betina.
A diferença principal do método é o tempo que o aluno tem para conhecer o próprio corpo, o que não acontece em um exercício convencional.
“É uma hora em que você para tudo o que está fazendo para experimentar coisas diferentes no corpo, estímulos diferentes, com um tempo diferente. Isso já traz uma consciência enorme, porque é uma coisa que a gente não faz no dia a dia.”