O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, estipulou a meta de vacinar 1 milhão de brasileiros por dia. A orientação dada é de que todas as doses distribuídas do imunizante sejam aplicadas, sem necessidade de reserva da segunda dose para completar o esquema vacinal.
No entanto, apesar do envio constante de vacinas pelo Ministério da Saúde, a sua aplicação tem sido irregular pelos estados e municípios. Há uma semana, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, questionou, em coletiva de imprensa, a quantidade de doses aplicadas no Brasil. “Nós temos que prestar atenção em um dado: por que o Brasil distribuiu 34 milhões de doses de vacina e nós só temos 18 milhões de doses aplicadas?”, perguntou o presidente da Câmara.
Governadores e prefeitos têm emitido frequentes notas públicas, cobrando do Governo Federal, maior quantidade e vacinas. Estes movimentos, liderados em especial por conhecidos governadores que trabalham para desgastar o presidente Jair Bolsonaro, e buscam alimentar seus projetos politico usando o combate à pandemia, não se sustentam pelos fatos.
Os números não mentem
Na noite deste domingo, quando esta coluna era finalizada, o placar nacional da transparência, alimentado com dados das próprias secretarias estaduais da saúde, apontava estes números atualizados:
– Doses de vacinas distribuídas pelo Governo Federal: 42,956 milhões.
– Doses de vacinas aplicadas por estados e municipios: 21,033 milhões.
Os Dados do Rio Grande do Sul deste domingo, mostravam 2.861.600 doses de vacinas entregues pelo Governo federal. Destas, 1.571.629 doses foram aplicadas. Isso representa 56% de vacinas aplicadas.
Carla Zambeli: Governadores estocando vacinas?
A deputada federal Carla Zambeli (SP) que conhece o jogo politico que pode estar sendo feito pela oposição com a retenção da aplicação de vacinas, questionou na sua conta pessoal do Twitter este cenário:
-Então a velha imprensa está dizendo que o ideal é vacinar 2 milhões de pessoas por dia? Alguém sabe dizer se já cobraram os governadores que estão ESTOCANDO vacinas ao invés de aplicá-las?
Reforço de médicos
A boa notícia trazida pelo presidente Jair Bolsonaro:
“O Governo Federal disponibilizará aos municípios mais 2.904 médicos, com CRM (registro regular no seu Conselho de Medicina), para reforçar o combate à COVID-19. Estes médicos serão selecionados entre os cerca de 9.000 inscritos no Edital do “Mais Médicos” do início de Março, que se juntarão a outros já em atividade, chegando a 18.000 em todo o Brasil. Será um recorde no número de médicos em toda a história do programa.”
STF: autonomia é de estados e municípios.
A decisão do ministro Nunes Marques, ao julgar a ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) 701, liberando desde sábado a realização de cultos religiosos em todo o país, segundo outros ministros da Côrte, contraria entendimento já firmado, de que os entes da federação têm autonomia para decidir sobre as restrições na pandemia. O ministro Gilmar Mendes é relator de uma ação semelhante, também pedindo a liberação de cultos, proposta pelo PSD. Uma das estratégias aventadas nos bastidores é que Gilmar dê uma decisão rejeitando o pedido, forçando que o tema seja tratado pelo plenário.
O que sobra deste episódio, é que efetivamente, o Governo Federal, segundo o STF, não tem qualquer responsabilidade na definição sobre restrições na pandemia.
Ou seja, mesmo com as melhores intenções, temos o fracasso de governadores e prefeitos na gestão do enfrentamento da pandemia, sem a participação do Governo Federal, o que trouxe este número lamentável de 330 mil mortes por Covid em todo o país.