Dois assuntos. O primeiro: Várias vezes escrevi sobre isso. Vejo engarrafamentos pelo mundo todo. Conheço dezenas de “modelos”.
Nenhum se equivale ao “modelo” brasileiro de engarrafamento ocasionado por meia pista. A BR 116 está sofrendo arrumações. Perto, aliás, da Polícia Federal, em Scharlau, São Leopoldo. Longas filas. Quem vai em direção à capital enfrenta mais de 30 minutos de “trancon”.
Por quê? Porque a polícia não vai ao local e porque a empresa que está arrumando asfalto também nada faz. É o estado de natureza do trânsito. Tem só uma pista? OK. Então é cada um por si.
Se é cada um por si, vem o caos. Sem regulação, nem engarrafamento funciona. Vejam: se há uma disputa de carros para ingressar na única pista liberada, no mínimo você pode contar a perda de um segundo (estou sendo generoso). Somem-se 3 mil carros na fila. São três mil segundos a mais. Por baixo. Isso dá 50 minutos, tempo mais ou menos que fiquei outro dia “andando” a passo de cágado manco.
Se tivesse um policial ou um funcionário que fizesse a regulação do caos, teríamos que cada fila de carros (das duas pistas) andaria, sem interrupção, por, digamos, três minutos. Terminados os três minutos, a outra pista teria só para ela a pista única. E fluiria. E assim por diante.
Porém, se deixarem a disputa da pista única para os carros das duas pitas, o resultado será o caos, a longa fila, a perda de tempo, a irritação e, finalmente estabelecida está a premissa: a estupidez e ou a burrice não tem limites.
Parece que há um prazer das autoridades ou dos empreiteiros em sacanearem os utentes das rodovias.
Isso também ocorre com sinaleiras mal reguladas. O gargalo se repete no mesmo lugar todos os dias. Mas os técnicos que estudaram por EAD devem pensar: ach, deixa se virarem. O trânsito é liberal. É a mão invisível que arrumará. Eu diria: a mão visível da burrice.
O segundo: se a terra é plana, não dá voltas. Logo, capota. Cada coisa nesse país… Um juiz, usando recorta e cola, impede a liberdade de um tuberculoso durante a pandemia. Seu estagiário devia estar brincando no WhatsApp, essa invenção pós-moderna que virou uma célula de terrorismo digital.
Um desembargador, sem se dar conta de que seu microfone estava ligado, chamou a sua colega de fdp.
Um promotor de justiça de goiás disse que a advocacia criminal é um câncer.
Em todos os casos, houve pedido de desculpas. Tornou-se comum nesse país o sujeito fazer a maior estultice ou canalhice e, depois, pedir escusas. Ah, não quis dizer isso. Ah, fui mal-entendido.
Então, também podemos chamar as pessoas do que quisermos e depois fazer como Sérgio Moro: pedir desculpas ao Supremo Tribunal Federal. Claro que não precisamos usar 32 laudas para isso. Que tal?