O dólar fechou em alta ante o real nesta quinta-feira (13), após chegar a bater o patamar de R$ 3,52, acompanhando o avanço da moeda norte-americana nos mercados externos e por apreensão com a cena política local, exacerbada no fim da manhã pelo julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) da continuidade da ação pela cassação do mandato da presidenta Dilma Rousseff.
A moeda norte-americana subiu 1,13%, a R$ 3,5137, após atingir R$ 3,4794 na mínima e R$ 3,5295 na máxima da sessão. Veja cotação.
Na semana e no mês, o dólar acumula alta de 0,16% e 2,6%, respectivamente. No ano, a moeda já subiu 32,16%.
Neste mês, o dólar vem se mantendo no patamar acima dos R$ 3,50 no intradia, chegando a bater, no dia 6, R$ 3,5709, maior patamar desde 5 de março de 2003, quando foi a R$ 3,58. No fechamento, a moeda ficou acima dos R$ 3,50 no dia 7 de agosto, quando terminou a sessão a R$ 3,5081, e no dia 6, quando fechou em R$ 3,5374 – maior cotação desde 5 de março de 2003, quando fechou a R$ 3,555.
“O fator político intensifica um movimento de alta que já vinha desde cedo. A China e o Fed são um fator constante pressionando o dólar”, disse à Reuters o superintendente de câmbio da corretora Intercam, Jaime Ferreira.
O índice que acompanha a variação do dólar em relação a uma cesta de divisas avançava, mesmo após o banco central da China tentar tranquilizar investidores sobre a depreciação do iuan.
Pressão externa e fatores internos
Nos mercados externos, a desvalorização do iuan continuava no centro das atenções. A pressão era menos intensa, no entanto, devido aos esforços do banco central chinês para trazer alívio aos mercados financeiros ao afirmar que não há motivo para o iuan cair mais por conta dos fortes fundamentos econômicos do país.
A percepção de que há grandes chances de o Federal Reserve, banco central norte-americano, elevar os juros já no mês que vem, como esperam economistas consultados em pesquisa da Reuters, também pesava sobre o câmbio no mercado local.
Juros mais altos nos EUA podem atrair para o país recursos atualmente aplicados em outros mercados, como o Brasil.
O impacto da questão externa era intensificado, no Brasil, pelo quadro político conturbado. No fim da manhã, o TSE começou a analisar o agravo proposto pelo PSDB pela continuidade de uma ação que pede a cassação da presidenta Dilma Rousseff por suposto abuso de poder na campanha eleitoral do ano passado. A análise do agravo foi suspensa quando o placar marcava 2 votos a 1 pela continuidade do processo.
Com isso, o mercado voltava a ficar na defensiva após dois dias de alívio provocados pela aproximação da presidente Dilma com o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL).
“Quando parece que vai ficar mais tranquilo, aparece algo novo para o mercado estressar novamente”, disse à Reuters o operador da corretora de um banco nacional.
Na véspera, Dilma ganhou mais 15 dias para responder a questionamentos do Tribunal do Contas da União (TCU) sobre as contas do governo de 2014, questão que sustenta especulações sobre eventual impeachment da presidenta.
Dilma também disse que não cogita renunciar ao cargo e que não acredita que as chamadas “pautas-bomba” vão proliferar no Congresso Nacional.
Interferência no câmbio
Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de até 11 mil contratos de swap cambial tradicional, que equivalem a venda futura de dólares, para a rolagem do lote que vence no próximo mês. Ao todo, o BC já rolou US$ 3,835 bilhões, ou cerca de 38%, do total de US$ 10,027 bilhões e, se continuar neste ritmo, vai recolocar o todo o lote.(AG)