Domingo, 22 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 10 de agosto de 2024
De olho na expansão do setor agropecuário, o Bradesco anunciou acordo para comprar 50% do Banco John Deere, na sexta-feira (9). A instituição pertence à empresa John Deere Brasil S/A, uma subsidiária da americana Deere & Company, gigante global do setor de equipamentos agrícolas. O valor do investimento não foi informado.
O diretor de Agronegócios do Bradesco, Roberto França, afirmou que o objetivo é expandir as atividades do John Deere. Além do financiamento de máquinas e implementos que a instituição faz atualmente, outras linhas de crédito podem entrar na prateleira no futuro, dando ao Bradesco um reforço importante junto ao setor agrícola.
“O Banco John Deere tem maior foco no financiamento do maquinário agrícola, e vamos, ao longo desta parceria, tentar expandir as atividades, buscando financiar outras demandas do cliente, seja para custeio ou para outras atividades”, disse França, ao Estadão/Broadcast. O objetivo é fortalecer o relacionamento da marca com o cliente.
O Banco John Deere tem lógica de funcionamento similar à dos demais bancos de montadora, financiando a compra de máquinas, equipamentos e peças da John Deere. Ao se tornar sócio, o Bradesco ganha espaço em um canal importante: a rede de concessionárias e revendas da John Deere, pela qual transitam produtores rurais, muitos deles clientes de outros bancos.
“É o fortalecimento do nosso protagonismo no setor”, disse Vinicius Favarão, diretor executivo do Bradesco. “Entendemos que há oportunidades para fortalecer o posicionamento do banco em diversos tipos de canais de atuação.”
O Bradesco tem cerca de R$ 120 bilhões em operações de crédito para o agro, seja em linhas de financiamento à produção ou em outros créditos concedidos para esse público. O banco é líder em crédito rural entre os bancos privados do País, enquanto no ranking geral fica atrás somente do Banco do Brasil.
Uma das possibilidades é de que outras empresas do conglomerado Bradesco utilizem o John Deere como um canal para chegar ao público do agro. “O grupo segurador (Bradesco Seguros) pode complementar bastante a oferta de serviços e produtos”, afirmou França.
Longo prazo
O diretor do Bradesco afirmou que o cenário para o agronegócio é positivo no longo prazo. De acordo com ele, neste ano o setor ainda vive uma acomodação de margens após o crescimento observado durante a pandemia da covid-19 e no ano seguinte a ela, mas a demanda por crédito continua forte e a produção do setor deve crescer.
“Temos falado muito com clientes que querem abrir uma área nova, fazer um sistema de armazenagem ou melhorar a produtividade com o sistema de irrigação”, disse o executivo. “A demanda por crédito continua, o setor vai ampliar a produção agrícola, a demanda por alimentos no mundo continua crescente e vamos continuar financiando essa expansão.”
O Bradesco utiliza três fontes para financiar o crédito para o agro: os recursos direcionados de depósitos à vista; os chamados recursos equalizáveis, provenientes do Plano Safra; e captações de mercado, como as letras de crédito agrícola (LCAs). O estoque do produto no banco é de cerca de R$ 45 bilhões, segundo o diretor.
As mudanças feitas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) no começo do ano ampliaram de três para nove meses o prazo mínimo de vencimento das LCAs, o que afastou o pequeno investidor do título, que é isento de Imposto de Renda. “A tendência é de que a captação seja para perfis de mais alta renda, mas existe demanda, e estamos nos organizando para ao menos manter o nosso estoque.”
Na visão de França, a participação dos instrumentos de mercado no financiamento ao agro deve crescer nos próximos anos, dado que os recursos direcionados e os equalizáveis não acompanham os saltos que o setor tem dado. Hoje, menos de 30% do financiamento aos produtores é feito por meio de recursos direcionados. “Com certeza, as fontes livres vão ser cada vez mais representativas ao longo dos próximos anos.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.