Terça-feira, 18 de março de 2025
Por Redação O Sul | 17 de março de 2025
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse nesta segunda-feira (17) que o governo está sendo cuidadoso para aumentar o percentual de etanol na gasolina por conta da alta no preço dos alimentos.
“Estamos sendo prudentes para que a gente estude a curva dos preços, o declínio dos preços, e aí com a segurança de que temos estabilidade no preço do açúcar, do farelo de milho, da carne, por isso estamos colocando essa prudência de prazos”, declarou.
Silveira apresentou nesta segunda um estudo que comprova a viabilidade técnica da adição de 30% de etanol anidro na gasolina.
Hoje, as distribuidoras são obrigadas a acrescentar 27% do biocombustível. O produto dessa mistura é a gasolina comprada nos postos de combustíveis.
Para aumentar o etanol anidro, a pasta precisa submeter a proposta ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), órgão que assessora o presidente da República.
O ministro adiantou que a medida deve ser implementada neste ano. Em conversa com jornalistas nesta segunda-feira (17), Silveira repetiu a previsão, mas disse que a proposta ao CNPE pode acontecer “a qualquer momento”.
“Considerando que temos posições divergentes em relação [ao tema] e termos uma grande prioridade que é preço de alimento, por excesso de zelo disse que levamos ainda este ano ao CNPE, mas pode acontecer a qualquer momento”, declarou.
Autossuficiência
A pasta argumenta que o aumento da mistura também deve tornar o Brasil independente das importações de gasolina, uma vez que menos combustível fóssil seria usado para compor a gasolina comum – vendida nos postos com a adição do etanol.
Segundo Silveira, ao se tornar autossuficiente na produção de gasolina, o país poderá rediscutir o modelo de definição dos preços do combustível.
Atualmente, os combustíveis fósseis vendidos pela Petrobras levam em conta diversos fatores, incluindo o preço do mercado internacional, em dólar.
Diesel
Por causa do preço dos alimentos, o governo federal decidiu adiar o cronograma de aumento da mistura do biodiesel no diesel vendido nos postos de gasolina.
O percentual de biodiesel será mantido em 14%. A previsão era de que essa quantidade subisse para 15% em 1º de março.
A decisão ajuda a segurar o preço do diesel – que impacta diretamente o valor dos alimentos, geralmente transportados em caminhões.
O biodiesel é mais sustentável porque é um combustível renovável, ao contrário do diesel, que é derivado de petróleo. No entanto, o biodiesel é também mais caro.
“Na hora que essa indústria se readaptar e o preço voltar a ter um parâmetro que nós entendemos que vale a pena pagar, pela sustentabilidade, a gente retoma o B15 [15% de biodiesel], espero que o B16, B17, até o B25”, declarou.
Na última semana, as distribuidoras de combustíveis solicitaram à Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) a suspensão da adição de biodiesel no diesel fóssil por 90 dias.
As empresas alegam que há fraudes na mistura, com menos biodiesel sendo adicionado ao diesel por alguns agentes do mercado, o que leva a uma competição desleal.
Em entrevista, Silveira disse que zerar a mistura de biodiesel no diesel seria “destruir uma indústria de 50 anos”. As informações são do portal G1.