Principal feira do agronegócio nacional, a Expointer está sendo marcada por inúmeras discussões acerca do acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia (UE) e as queimadas na Amazônia. Durante a feira, que iniciou no último sábado (24) e se estende até o próximo domingo (1º), acontecerão ao menos quatro debates sobre o acordo. Após 20 anos de negociações, o acordo entre os blocos permitirá a eliminação de taxas para mais de 90% das transações entre Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e 28 países europeus. Sem as taxas, os produtores locais têm receios com relação à competitividade no mercado.
“O assunto já está sendo muito discutido na Expointer porque representantes de diversas cadeias produtivas estão na feira e têm muitas dúvidas. Mesmo porque o acordo foi firmado e divulgado, mas ainda não temos todos os detalhes”, afirma o secretário estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, Covatti Filho.
“Na Secretaria temos duas grandes preocupações: as cadeias do leite e do vinho. Já estamos discutindo no governo incentivos que possam tornar os setores mais competitivos e estamos propondo seminários e espaços de discussão para estimular, planejar e tentar sanar as dúvidas. O acordo deverá ser efetivamente implementado em dois ou três anos e precisamos estar preparados para encará-lo”, acrescentou Covatti.
O primeiro debate sobre o tratado ocorreu na segunda-feira (26), no encontro de cooperativas gaúchas com a Frente Parlamentar da Agropecuária da Câmara Federal, na casa da Ocergs/Sescoop. O próximo ocorre nesta quarta-feira (28). Promovido pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag/RS) e pelo Canal Rural, trata-se do Fórum Canal Rural: “Mercosul e União Europeia – Impactos do Acordo na Agricultura”.
Na sexta-feira (30), estão previstas mais duas atividades. A primeira, às 14h, na Arena Canal Rural, é a audiência pública promovida pela Comissão de Agricultura e Reforma Agrária no Senado juntamente com a Assembleia Legislativa gaúcha, cujo tema é “O Acordo Econômico entre o Mercosul e União Europeia”. Para o debate, estão previstas as presenças da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, do secretário Covatti e de diversos parlamentares. Foram convidados representantes do Ministério da Economia, da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), da Federação das Associações dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS), da Associação dos Produtores de Soja do Rio Grande do Sul (Aprosoja/RS) e da Fetag/RS.
“Precisamos ter bem clara a visão para exportar para a União Europeia. Lá, os produtores receberam, no ano de 2017, US$ 104 bilhões em subsídios. No Brasil, não chega a 10% desse valor. Além disso, nossa carga tributária chega ao absurdo de ultrapassar os 30%. Eles têm a carga tributária de 7% a 10% nos alimentos”, explicou o senador Luis Carlos Heinze, vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária. Foi ele que requisitou a audiência na Expointer.
Para o presidente da Farsul, Gedeão Pereira, o acordo é positivo. “A grande vantagem do acordo é que obriga os quatro países do Mercosul a se modernizarem, ou seja, baixarem seus custos tributários e diminuírem o tamanho do Estado para seguirem sendo competitivos do mercado nacional e internacional”, declarou Pereira.