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Por Redação O Sul | 24 de janeiro de 2018
Momentos após o fim do julgamento do recurso apresentado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, manifestantes contrários ao ex-presidente iniciaram comemorações pelo revés jurídico sofrido pelo petista. Em Brasília, foram ouvidos fogos de artifício na Asa Norte e no Sudoeste assim que a sessão foi encerrada no TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre).
Em metrópoles como São Paulo, as manifestações organizadas pelo MBL (Movimento Brasil Livre ) e pelo Revoltados Online contaram com um número reduzido de pessoas. A baixa adesão foi atribuída pelos organizadores ao “terrorismo feito pelo PT”.
Porto Alegre
forte chuva que caiu em Porto Alegre no final da tarde ajudou a dispersar manifestantes que participavam de atos de apoio e repúdio ao ex-presidente. No Parque Moinhos de Vento, o “Parcão”, um dos redutos de protestos antipetistas desde o impeachment da então presidente Dilma Rousseff, em 2016, integrantes dos movimentos Vem Pra Rua e MBL chegaram a instalar uma chopeira. O evento, porém, foi menos expressivo que o realizado no dia anterior, devido ao temporal que castigou a capital gaúcha.
Enquanto o revisor Leandro Paulsen lia os seus votos, boa parte dos apoiadores de líder petista que governou o Brasil por dois mandatos (2003-2010) começaram a deixar a área próxima à sede do TRF-4, onde se concentravam desde o início da manhã.
Antes da chuva, o forte calor e a saída de ônibus de caravanas para cidades distantes eram os motivos alegados pelos militantes para deixar o local antes da conclusão do julgamento. O professor Sidelúcio Senra pegaria às 20h um ônibus para a cidade de Leopoldina (MG). “Espero 3 a 0 pela condenação, porque já está tudo armado”, lamentou Sidelúcio, vice-presidente do PT em sua cidade. Os principais dirigentes do partido também deixaram Porto Alegre.
Do lado dos aliados do ex-presidente, parecia haver pouco interesse pelo que acontecia na Corte. No momento em que o relator João Pedro Gebran iniciava a leitura do seu voto, um grupo de cerca de 30 agricultores vindos da cidade de Ibiaçá, a 280 quilômetros de Porto Alegre, se divertia em uma roda de músicas típicas gaúchas sob a sombra de uma barraca de lona preta. Ao lado, algumas pessoas aproveitavam para colocar o sono em dia.
Em outro ponto do Anfiteatro do Pôr do Sol, área às margens do lago Guaíba onde foi montado o acampamento do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), uma caixa de som foi instalada para transmitir a audiência, mas pouca gente se arriscava no sol forte para ouvir o que diziam desembargadores, procuradores e advogados sobre o futuro de Lula. Televisões praticamente não havia.
Alguns militantes acompanhavam em aparelhos celulares o desenrolar do julgamento. Já Zeca Lovato, vereador pelo PT na cidade gaúcha de Paraíso do Sul, demonstrava ansiedade. Ao encontrar um “companheiro”, queria saber como estava a sessão no TRF-4.
Apesar de estarem em grande número, os apoiadores se concentraram de forma dispersa. Nem mesmo a área do carro de som, onde aconteciam os discursos das lideranças, reunia um grande número de pessoas. As áreas mais disputadas eram as que apresentavam sombra. Até uma faixa pedindo a anulação do impeachment de Dilma Rousseff servia de proteção para um grupo de mais de 20 manifestantes.