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Mundo Decreto suspenso de Trump afetaria brasileiros que vivem e viajam aos Estados Unidos

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No primeiro governo Trump, 6.776 brasileiros foram deportados. (Foto:Ariana Drehsler/NYT)

A Justiça dos EUA suspendeu, nessa quinta-feira (23) a ordem executiva de Donald Trump que acabava com o direito à cidadania para filhos de imigrantes ilegais e turistas nascidos no país. Graças à 14ª emenda da Constituição dos EUA, quando imigrantes em situação ilegal têm um filho em solo americano, a criança ganha cidadania americana automaticamente.

A mesma coisa acontece quando a mãe viaja aos Estados Unidos com um visto temporário, como o visto de turista. Se a criança nascer durante o período da viagem, ganha cidadania também. Por isso, filhos de algumas celebridades brasileiras são cidadãos dos EUA. É o caso da terceira filha de Claudia Leitte, Bela, que nasceu em Miami em 2019. Desde 2015, a cantora se divide entre o Brasil e os Estados Unidos. Em 2017, a atriz Karina Bacchi optou por ter seu primeiro filho em Miami para que a “criança tivesse nacionalidade americana, além da brasileira e italiana”.

Já a apresentadora Luciana Gimenez, que tem um apartamento em Nova York, teve dois filhos por lá: Lucas Jagger, fruto do relacionamento com o cantor Mick Jagger, nasceu em 1999. Já Lorenzo Gabriel, filho dela com o empresário Marcelo de Carvalho, nasceu em 2011.

Agora, Trump quer acabar com esse direito e assinou uma ordem executiva para isso. Um juiz, no entanto, considerou essa medida inconstitucional.

Afetados

• Imigrantes ilegais — tanto aqueles que entraram ilegalmente quanto quem entrou de forma legal (como turista, por exemplo), mas ficou no país mais tempo que o permitido;
• Pessoas com vistos temporários — turistas, estudantes que foram aos EUA fazer um curso com duração determinada, profissionais enviados por suas empresas de forma temporária ou para fazer um trabalho com duração determinada.

A medida afetaria brasileiros que vivem de forma ilegal nos EUA e também residentes temporários e turistas que viajam para lá com o intuito de dar à luz em hospitais americanos.

Pouco mais de dois milhões de brasileiros vivem em situação legal nos Estados Unidos, segundo dados de 2023 do Ministério das Relações Exteriores.

Um levantamento do instituto Pew Resarch Centre com dados de 2022 estima que haja cerca de 230 mil brasileiros em situação ilegal.

Mobilização

Após o decreto, grupos civis e procuradores-gerais de 22 estados governados por democratas entraram com ações judiciais. O argumento é que a ordem de Trump viola a 14ª Emenda da Constituição, que estabelece que qualquer pessoa nascida nos Estados Unidos é cidadã.

Uma das ações foi analisada pelo juiz John Coughenour, em tribunal de Seattle, que resolveu suspender a medida. O magistrado chamou a ordem de Trump de “flagrantemente inconstitucional”.

A decisão liminar, ou seja, temporária. O governo Trump ainda pode entrar com um recurso para tentar derrubá-la.

O Departamento de Justiça do governo Trump argumenta que a 14ª Emenda da Constituição dos Estados Unidos nunca foi interpretada como uma extensão universal de cidadania a todos os nascidos no país.

Na terça-feira (21), deputados republicanos apresentaram projetos de lei para restringir a cidadania automática apenas aos filhos de cidadãos ou residentes permanentes legais. As propostas ainda serão discutidas.

Direito de solo

Qualquer pessoa que nasce nos Estados Unidos recebe automaticamente a cidadania, seja qual for a nacionalidade ou o status dos pais. É um princípio jurídico chamado de ius soli, ou direito de solo.

O objetivo de Trump, no entanto, é limitar esse direito a cidadãos americanos ou estrangeiros com residência fixa e legal.

Especialistas acreditam que o presidente deve enfrentar obstáculos legais para colocar seu plano em prática:

• Em primeiro lugar, uma ordem executiva não é uma lei automática. Embora similar a um decreto, por não precisar de aprovação prévia do Congresso, a ordem executiva dos EUA não cria uma lei, mas uma determinação do presidente sobre como órgãos do governo devem usar seus recursos;
• Além disso, o direito de solo é previsto na 14ª Emenda da Constituição norte-americana. Uma ordem executiva não tem o poder de alterar a Constituição, e seria preciso que o Congresso norte-americano votasse para alterar esse artigo;
• Mesmo que isso aconteça, juristas preveem que essa alteração seria levada à Justiça, que tende a não fazer essas alterações.

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Justiça suspende ordem de Trump que acabava com direito à cidadania para filhos de imigrantes ilegais e turistas
Quase 500 imigrantes irregulares foram detidos nas primeiras 33 horas de Trump no poder
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