Segunda-feira, 25 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 24 de agosto de 2024
O caso do jovem de 15 anos que usou Inteligência Artificial (IA) para criar nudes de adolescentes da escola onde estudava repercutiu nos últimos dias e provocou o debate sobre os perigos da ferramenta quando usada com más intenções. Mas o que é essa ferramenta que permitiu que fotos fossem alteradas? É possível se proteger das deepfakes?
Segundo o professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) de Sorocaba Tiago Almeida, especialista em IA e autor do livro “Inteligência Artificial: Uma abordagem de Aprendizado de Máquina”, o deepfake é um tipo de informação falsa gerada por IA capaz de criar imagens, vídeos o gravações de áudio realistas.
A tecnologia por trás da criação de um deepfake é, normalmente, baseada em um conceito chamado “aprendizado profundo”, que envolve o aprendizado de padrões extraídos de grandes quantidades de dados e que são, posteriormente, usados para manipular ou gerar mídias de uma maneira que pareça genuína.
“Por exemplo, um vídeo de deepfake pode mostrar uma pessoa dizendo ou fazendo algo que ela nunca fez de verdade, criado através da alteração digital do vídeo de tal maneira que pareça real. Embora essa tecnologia pode ser usada para entretenimento ou fins criativos, também levanta preocupações sobre desinformação e privacidade, pois pode ser usada para enganar pessoas e espalhar informações falsas”, explica.
Além de ser usada para enganar pessoas, o software também apresenta diversos riscos potenciais, incluindo a disseminação de desinformação e pode causar prejuízos para as vítimas destas criações. “Eles podem prejudicar reputações ao fazer parecer que alguém disse ou fez algo inadequado e podem ser usados em fraudes e golpes, enganando as pessoas para que entreguem informações sensíveis ou dinheiro”, reforça Tiago Almeida.
Como reconhecer
Conforme o especialista, embora seja desafiador, existem algumas pistas que podem ajudar a identificar um deepfake. Confira:
• Procure por inconsistências no vídeo ou na imagem, como movimentos não naturais, piscadas estranhas ou expressões faciais desalinhadas. “Métodos de criação de deepfake frequentemente têm dificuldades em criar detalhes como movimentos dos olhos, sincronização labial ou como a luz e as sombras são projetados no rosto”, explica;
• Caso a suspeita caia sobre um vídeo, o usuário pode prestar atenção no áudio, pois as vozes podem, muitas vezes, soarem robóticas ou com entonações que não são naturais;
• Use softwares projetados para detectar deepfakes, pois eles analisam as “impressões digitais” deixadas pelo conteúdo manipulado;
• Verifique as informações com fontes confiáveis caso algo pareça muito chocante ou incomum.
Como se proteger
Segundo Tiago, é imprescindível ter cuidado com as informações compartilhadas pela internet, especialmente fotos, áudios e vídeos, pois o conteúdo pode ser usado para criação de deepfake.
“Considere usar configurações de privacidade nas redes sociais para limitar quem pode acessar o seu conteúdo, reduzindo as chances de ele ser usado em um deepfake. Por fim, sempre verifique a fonte de qualquer mídia que pareça suspeita ou sensacional demais, e procure confirmar sua autenticidade com veículos confiáveis.”