O Irã disparou em torno de 200 projéteis contra o território israelense até terça-feira (1º), em uma breve exibição de sua capacidade militar, bem como do alcance e da sofisticação de parte de seu arsenal, que evoluiu em qualidade e quantidade nos últimos 15 anos. Segundo o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, a ação foi “um grande erro” do Irã, que “vai pagar por isso”. Mas o que aconteceria em um potencial bombardeio lançado pelo Estado judeu? Os persas teriam a mesma capacidade de bloquear os ataques como Israel, que conta com um poderoso sistema de defesa?
O Irã possui o maior e mais diversificado arsenal de mísseis do Oriente Médio, com milhares de mísseis balísticos e de cruzeiro, alguns capazes de atingir até Israel e o sudeste da Europa, como o Sejjil e o Soumar (que especialistas suspeitam que pode alcançar até 3.000 km de distância), segundo dados do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS, na sigla em inglês).
Nos últimos 15 anos, o Irã “investiu significativamente para melhorar a precisão e a letalidade dessas armas”, afirma o CSIS, com sede em Washington, nos EUA. Esses desenvolvimentos tornaram as forças de mísseis do país “uma ferramenta potente para a projeção do poder iraniano e uma ameaça crível para as forças militares dos EUA e de seus parceiros na região”.
As Forças Armadas do Irã também são consideradas mais poderosas que as de Israel, ocupando a 14ª posição global, enquanto o Exército israelense aparece em 17º, segundo o Global Firepower, um ranking especializado em potências militares que analisa o arsenal e as capacidades de 145 países.
O sistema de detecção e destruição de mísseis do Irã, no entanto, é inferior ao de Israel. As Forças Armadas israelenses contam com uma variedade de sistemas para bloquear ataques aéreos, entre eles o famoso Domo de Ferro, dedicado a foguetes de curto alcance (até 70 km de distância), e o Arrow, capaz de interceptar mísseis até 2.400 km de distância. Já os dispositivos iranianos de alta altitude, como o Bavar-373, conseguem detectar alvos a no máximo 320 km de distância, segundo dados atualizados do Instituto de Washington para Política do Oriente Próximo, um centro de estudos pró-Israel com sede nos EUA.
Mas informes do instituto também sugerem que milícias sírias podem estar “treinando ativamente” na província de Deir al-Zour, situada 450 km a nordeste da capital Damasco, para usar um sistema iraniano avançado de mísseis antiaéreos de média a alta altitude. Conhecido como Khordad-15, ele “é semelhante ao sistema Patriot do Exército dos EUA” e “supostamente pode atingir até seis alvos do tamanho de um jato de combate simultaneamente a uma distância de 120 quilômetros”, segundo o documento.
A informação não foi confirmada, mas segundo o instituto, a instalação de um sistema de defesa como esses na Síria aumentaria significativamente os esforços de grupos aliados a Teerã, como o Hezbollah, no Líbano, e outros membros do chamado “Eixo da Resistência” “para combater operações aéreas israelenses ao longo das áreas de fronteira” visando contra-atacar o Irã.
Em fevereiro, a república islâmica também apresentou dois novos sistemas antiaéreos construídos pelo Ministério da Defesa: o Arman, que “pode enfrentar simultaneamente seis alvos a uma distância de 120 km a 180 km”, e o Azarakhsh, que “pode identificar e destruir alvos a uma distância de até 50 km com quatro mísseis prontos para disparar”, segundo o ministro da Defesa, Mohammad-Reza Ashtiania, citado pela Irna, agência de notícias oficial do país.
Além disso, uma reportagem publicada pelo jornal Washington Post em abril cita “uma parceria estratégica cada vez mais profunda entre Moscou e Teerã nos últimos dois anos desde a invasão total da Ucrânia pela Rússia”. Desde 2022, o Irã fornece milhares de drones para as forças russas que combatem no território ucraniano.