Sábado, 14 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 14 de dezembro de 2024
Braga Netto foi preso preventivamente na manhã deste sábado.
Foto: Tânia Rêgo/Agência BrasilA defesa do general da reserva Walter Souza Braga Netto afirmou neste sábado (14) que comprovará que o ex-ministro não atuou para obstruir as investigações do inquérito que apura uma tentativa de golpe de Estado em 2022.
Braga Netto foi preso preventivamente na manhã deste sábado — a pedido da Polícia Federal e por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O pedido encaminhado pela PF ao Supremo afirma, entre outras coisas, que o ex-ministro da Casa Civil e candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro atuou para atrapalhar as investigações, procurando investigados e tentando ter acesso à colaboração premiada de Mauro Cid.
A Polícia Federal (PF) também argumentou que a liberdade do militar representaria um risco à ordem pública devido à possibilidade de voltar a cometer ações ilícitas. Na primeira manifestação após a prisão de Braga Netto, os advogados afirmaram que vão se manifestar nos “autos após ter plena ciência dos fatos” que levaram à prisão do militar.
“Com a crença na observância do devido processo legal, teremos a oportunidade de comprovar que não houve qualquer obstrução as investigações”, diz comunicado assinado pelos advogados Luís Henrique César Prata, Gabriella Leonel de S. Venâncio e Francisco Eslei de Lima.
O general da reserva já havia sido indiciado pela PF, no âmbito da mesma investigação, em novembro deste ano. Ele é um dos acusados de participar do planejamento de um golpe de Estado para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva. Ao STF, investigadores da Polícia Federal apontaram “fortes e robustos elementos de prova” de tentativas de Braga Netto em pressionar membros das Forças Armadas a aderir na trama golpista.
Também afirmam que houve ações do general da reserva para obter informações sobre a colaboração premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
A PF destacou que o candidato a vice de Bolsonaro também:
– teve participação relevante nos atos criminosos. Nas palavras de um investigador, era “a cabeça, o mentor do golpe, mas sob comando de Bolsonaro”;
– coordenou ações ilícitas executadas por militares com formação em Forças Especiais (os chamados “kids pretos”);
– entregou dinheiro em uma sacola de vinho para financiar as operações;
– tentou obter dados sigilosos do acordo de colaboração de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
– tentou controlar as informações fornecidas e alinhar versões entre os investigados; e
– teve ação efetiva na coordenação das ações clandestinas para tentar prender e executar o ministro Alexandre de Moraes.
Walter Souza Braga Netto foi preso na manhã deste sábado, em seu apartamento em Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro. De acordo com testemunhas, o carro da PF chegou pouco depois das 6h. Os agentes da Polícia Federal deixaram o prédio da residência do militar da reserva por volta das 7h. Documentos e o celular do ex-ministro da Defesa e da Casa Civil foram apreendidos.
Braga Netto foi levado para a sede da Polícia Federal, na Praça Mauá, e depois para a Vila Militar, na Zona Oeste da cidade.
Leia a íntegra do comunicado divulgado pela defesa de Braga Netto à imprensa:
“A defesa técnica do General Walter Souza Braga Netto tomou conhecimento parcial, na manhã de hoje (14/12/2024), da Pet. 13.299-STF.
Registra-se que a Defesa se manifestará nos autos após ter plena ciência dos fatos que ensejaram a decisão proferida.
Entretanto, com a crença na observância do devido processo legal, teremos a oportunidade de comprovar que não houve qualquer obstrução as investigações.”
Assinam o comunicado os advogados Luís Henrique César Prata, Gabriella Leonel de S. Venâncio e Francisco Eslei de Lima.