Terça-feira, 01 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 5 de julho de 2018
A defesa do ex-presidente Lula, que está preso em Curitiba (PR), fez um levantamento dos candidatos que concorreram com o registro indeferido pela Justiça Eleitoral no último pleito. Dos 145 prefeitos eleitos nessa situação em 2016, 70% conseguiram reverter o indeferimento depois das eleições, foram diplomados e tomaram posse, conforme divulgou a jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.
“Se tirar o Lula antes da disputa, a Justiça Eleitoral vai retirar dele a chance que deu a outros 145 candidatos em 2016. Terminada a eleição, vários indeferimentos se mostraram equivocados”, diz o advogado Luiz Fernando Pereira, que dá consultoria ao ex-presidente e ao PT. “Eles tomaram posse como prefeitos e hoje governam”, afirma Pereira, que visitou Lula na terça-feira (03) junto com os advogados Cristiano Zanin e Eugênio Aragão.
Greve de fome
Após as seguidas derrotas no STF (Supremo Tribunal Federal) e os sinais de que a presidente da Corte, Cármen Lúcia, não pautará ações que pedem a revisão da prisão após segunda instância até setembro, 11 militantes de movimentos sociais ligados ao PT anunciaram uma greve de fome em apelo à libertação do ex-presidente Lula. O protesto será deflagrado no fim deste mês e tem o respaldo da direção do partido. Os manifestantes prometem acampar em Brasília até que a situação do petista seja reavaliada.
A ação extremada faz parte de uma série de movimentos que o PT vai promover para tentar reverter a prisão de Lula. O partido quer entregar um abaixo-assinado a tribunais superiores em 15 de agosto, quando haverá ato para o registro da candidatura do petista.
Os militantes que estarão à frente da greve de fome são da Via Campesina, organização formada por 15 entidades, entre elas o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). O MST é o movimento social com o qual o relator da Lava-Jato no STF, Edson Fachin, mais teve contato ao longo da carreira. A proximidade com os sem-terra chegou a suscitar a resistência da bancada ruralista à aprovação da sua indicação para o STF. O PT diz que não há previsão de Lula aderir à greve de fome.
Nomes
Preso há quase três meses, Lula indicou cinco nomes para coordenar a sua campanha nas eleições deste ano, informou o PT por meio de nota na terça-feira. José Sergio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, será o coordenador-geral executivo. Os ex-ministros Ricardo Berzoini (coordenador de finanças), Luiz Dulci e Gilberto Carvalho também integram a coordenação, assim como o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto.
Carvalho é réu junto com Lula em um processo da Operação Zelotes que corre na Justiça Federal de Brasília. O Ministério Público Federal acusa os dois, junto com mais cinco pessoas, de envolvimento em um esquema de corrupção relacionado à “venda” da MP (medida provisória) 471, que prorrogou incentivos fiscais para montadoras nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Quando a denúncia foi aceita pela Justiça, a defesa de Lula negou a prática de “qualquer ilícito” relativo à MP 471 e disse que a acusação não tinha “materialidade”. O ex-ministro Gilberto Carvalho divulgou nota afirmando que a denúncia é “absurda” e sem provas, e que nunca foi favorecido.
Okamotto, por sua vez, chegou a virar réu no chamado processo do triplex – o mesmo que levou Lula para a prisão –, mas foi inocentado pelo juiz Sérgio Moro por “falta da prova suficiente para materialidade”. O presidente do Instituto Lula foi acusado de ter intermediado o pagamento, pela construtora OAS, do armazenamento do acervo presidencial de Lula, o que foi considerado como vantagem indevida pelos procuradores.