Domingo, 22 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 8 de dezembro de 2024
Advogados do general Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa do governo Jair Bolsonaro (PL), afirmou em comunicado que ele “não tomou conhecimento de documento que tratou de suposto golpe e muito menos do planejamento de assassinato de alguém”.
O militar foi indiciado pela Polícia Federal (PF) no inquérito em curso no Supremo Tribunal Federal (STF) que apura uma tentativa de golpe ocorrida entre outubro de 2022 e janeiro de 2023, que previa, entre outras medidas, o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do seu vice Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do STF Alexandre de Moraes.
Conforme revelado pelo site ICL Notícias,o tenente-coronel Mauro Cid, que foi assistente de ordens de Bolsonaro, afirmou em depoimento à PF que Braga Netto entregou dinheiro vivo para financiar o plano golpista “Punhal Verde e Amarelo” de assassinato de autoridades a ser executado pelos Kids Pretos, um agrupamento de elite das Forças Armadas do Brasil.
Em resposta, os advogados de Braga Netto afirmaram que o cliente “não coordenou e não aprovou plano qualquer e nem forneceu recursos”. A PF atribui ao general os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. Somadas, as penas máximas previstas para esses delitos chegam a 28 anos de prisão.
Braga Netto é apontado pela PF como figura central da tentativa de golpe. Segundo o relatório do inquérito, as chamadas “medidas coercitivas” previstas no plano Punhal Verde e Amarelo, com o planejamento operacional para ações de Forças Especiais, foi feito para ser apresentado ao general.
“Os elementos probatórios obtidos ao longo da investigação evidenciam a sua participação concreta nos atos relacionados à tentativa de golpe de Estado e da abolição do estado democrático de direito, inclusive na tentativa de embaraçamento e obstrução do presente procedimento”, diz a PF.
Dinheiro do golpe
Em seu depoimento, Mauro Cid afirmou ainda que Braga Netto teria entregado dinheiro vivo aos militares das Forças Especiais — os kids pretos — para financiar o plano golpista que pretendia impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo o ex-ajudante de ordens, o dinheiro foi entregue em caixas de vinho e teria como finalidade custear despesas logísticas — como hospedagem, transporte e alimentação — de militares que seriam deslocados do Rio de Janeiro para Brasília, entre novembro e dezembro de 2022. Mensagens apreendidas pela PF indicam que o custo estimado do plano golpista, batizado de Copa 2022, seria de R$ 100 mil.
O relatório da PF aponta que a trama incluía ações operacionais e o monitoramento de figuras-chave, como o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e à época presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Além de financiar o plano golpista, Braga Netto estaria listado como o comandante de um eventual “gabinete de gestão da crise” em um governo provisório. O documento que detalha essa estrutura foi apreendido pela PF com o general da reserva Mário Fernandes. Esse grupo seria liderado por Braga Netto e pelo general Augusto Heleno, então chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).