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Por Redação O Sul | 14 de julho de 2020
Ao estudar pacientes com Covid-19, pesquisadores na França identificaram uma “marca registrada” de casos graves da doença: a combinação da deficiência de uma resposta de interferons específicos e da inflamação exacerbada causada pelo Sars-CoV-2. O interferon é uma proteína produzida pelos glóbulos brancos e fibroblastos para interferir na replicação de microrganismos e combatê-los.
Pesquisas anteriores sobre a proteína sinalizaram que os interferons podem ser importantes para mitigar a progressão da doença — e os resultados do novo estudo corroboram esta hipótese.
De acordo com os cientistas, os pacientes com quadros graves da Covid-19 demonstraram uma deficiência nas respostas dos interferons do tipo I, bem como quadros inflamatórios exacerbados. A nova pesquisa reforça a hipótese de que a localização, o momento e a duração da exposição ao interferon são parâmetros críticos para o desenvolvimento do Sars-CoV-2 no corpo.
Como explicaram os estudiosos em comunicado, a descoberta sugere que uma abordagem combinada focada na administração de interferon e terapias anti-inflamatórias poderia ser um tratamento para a Covid-19. “Uma hipótese que vale a pena testar com cautela”, afirmam os cientistas.
Picos de carga viral
Pesquisadores da Universidade de Nova York descobriram que a quantidade de Sars-CoV-2 é significativamente maior em pacientes com sintomas mais leves do que a presente no organismo dos que precisaram de hospitalização. O estudo, publicado na edição de julho da American Journal of Pathology, indica que pacientes com histórico de câncer ou doenças cardiovasculares também apresentam cargas virais mais altas.
A pesquisa contou com 205 pacientes com a Covid-19 que visitaram a emergência em um centro de atendimento de Nova York — 165 pessoas receberam alta e 40 foram hospitalizadas. Segundo os cientistas, o intervalo médio entre a apresentação de sintomas e a testagem dos pacientes foi de cinco dias entre os hospitalizados em comparação com três dias para os que receberam alta.
Os pesquisadores descobriram que a carga viral no início da infecção era significativamente menor nos pacientes que necessitaram de hospitalização em comparação aos que receberam alta. A associação permaneceu significativa mesmo considerando fatores associados a quadros mais graves de Covid-19, como idade, sexo, raça, índice de massa corporal e outras condições médicas pré-existentes.
A equipe também descobriu que uma carga viral maior estava associada a menor duração dos sintomas em todos os pacientes e não estava associada à gravidade da doença. “Parece que a carga viral atinge um pico nos estágios iniciais da doença”, afirmou Paolo Cotzia, coautor do estudo, em declaração.
No estudo, a evolução dos índices de carga viral nos pacientes com quadros leves e moderados de Covid-19 não foi investigada. Ainda assim, eles acreditam que seus achados já mostram indícios da capacidade dessas pessoas transmitirem o novo coronavírus. “Nosso estudo deve aumentar a conscientização e estimular a adesão a recomendações de distanciamento social e uso de máscaras para evitar a transmissão [do Sars-CoV-2]”, concluem os estudiosos no artigo.