O coordenador do setor de Operações Estruturadas da Odebrecht Hilberto Mascarenhas da Silva Filho afirmou à PGR (Procuradoria-Geral da República) que, após uma resistência inicial, aceitou o convite do empresário Marcelo Odebrecht para comandar o “departamento de propinas” da construtora, em 2006, influenciado por vantagens financeiras e benefícios oferecidos pela empresa para ele assumir o posto.
Segundo o baiano Hilberto Mascarenhas, o pacote apresentado pelo então presidente da empreiteira para que ele comandasse as “Operações Estruturadas” incluía aumento salarial, apartamento em São Paulo com despesas pagas pela construtora, carro com motorista e passagens aéreas para ir todos os finais de semana para Salvador, cidade na qual vivia a família do delator.
Mascarenhas fechou acordo de delação premiada com a Lava-Jato, ao lado de outros 77 executivos e ex-dirigentes da empreiteira, em troca de redução de uma eventual pena. O chamado “departamento de propinas” da Odebrecht, de acordo com o próprio ex-coordenador do setor, movimentou cerca de US$ 3,3 bilhões de dólares entre 2006 e 2014, período em que ele esteve à frente da área de Operações Estruturadas.
O delator contou aos procuradores da República que, na ocasião em que Marcelo Odebrecht o convidou para assumir a função, ele trabalhava na tesouraria da empresa e “relutou” para aceitar o convite por causa da “exposição” e do “risco” do cargo.
“Depois de alguma insistência por parte dele [Marcelo Odebrecht], aceitei a proposta, principalmente pela remuneração e pelos benefícios que passaria a ter, tais como carro com motorista, apartamento em São Paulo para trabalho e passagem de volta a Salvador nos finais de semana, onde residia minha família”, diz Mascarenhas em documento entregue ao Ministério Público.