Domingo, 12 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 14 de outubro de 2016
Um dos delatores do esquema de corrupção que atuava na Petrobras, o engenheiro Zwi Skornicki – apontado como operador na Lava Jato – afirmou aos procuradores da República que o estaleiro Keppel Fels pagou propina ao deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) para que não fosse convocado pela CPI da Petrobras em 2015. O parlamentar petista era o relator da comissão parlamentar que investigava as fraudes na estatal. Ele nega a acusação.
Zwi Skornicki é o mesmo operador que, segundo a Lava Jato, efetuou a transferência no exterior de pelo menos US$ 4,5 milhões para conta bancária dos publicitários João Santana e de Mônica Moura. A propina teria sido paga em nove transações entre setembro de 2013 e novembro de 2014.
O suposto pagamento de propina, segundo a versão de Zwi, teria sido acertado com o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, que está preso em Curitiba por envolvimento com a Lava Jato.
Em nota, Luiz Sérgio afirmou nesta sexta que “jamais” recebeu, direta ou indiretamente, qualquer vantagem para barrar a convocação de quem quer que seja na CPI. Para o deputado, “tal acusação só pode ser explicada pelo desespero de alguém que se vê na posição de ter que entregar algo às autoridades judiciais […] com a finalidade única de abrandar a própria condenação” (leia ao final desta nota a íntegra do comunicado de Luiz Sérgio).
Trecho da delação de Zwi foi tornado pública nesta sexta (14) no documento no qual o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, informa ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato na primeira instância, sobre a homologação da delação. A delação do engenheiro foi homologada pelo ministro Teori Zavascki, relator dos processos da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).
No despacho no qual avalizou a delação de Zwi, o magistrado do STF ponderou que Luiz Sérgio não constava ainda no rol de investigados da Lava Jato.
“Os fatos trazidos pelo colaborador [Zwi] impactam diretamente (pelo menos e por ora) a investigação em curso”, ressaltou o ministro na decisão.
A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Vaccari Neto. Em outras ocasiões, o ex-tesoureiro afirmou que jamais participou de pagamentos de propinas. (Matheus Leitão/AG)
Leia abaixo a íntegra da nota divulgada nesta sexta por Luiz Sérgio:
Com relação às notícias veiculadas no dia de hoje, o deputado Luiz Sérgio esclarece que:
1 – Jamais recebeu, direta ou indiretamente, qualquer vantagem para barrar a convocação de quem quer que seja na CPI da Petrobras da qual foi relator no período de fevereiro a outubro de 2015.
2 – Tal acusação só pode ser explicada pelo desespero de alguém se vê na posição de ter que entregar algo às autoridades judiciais — ainda que sem qualquer prova ou mesmo indício — com a finalidade única de abrandar a própria condenação.
3 – O deputado aguardará o desenrolar das investigações e seguirá à disposição para responder a quaisquer questionamentos que surgirem a esse respeito no âmbito da Justiça.