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Brasil Delatores disseram ao juiz Sérgio Moro que desconhecem a realização de obras no sítio atribuído a Lula em Atibaia

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Segundo a defesa, o líder petista frequentava a propriedade como convidado dos verdadeiros donos. (Foto: Reprodução)

Em depoimento ao ao juiz federal Sergio Moro nessa sexta-feira, o doleiro Alberto Youssef e o ex-presidente da Camargo Corrêa, Dalton dos Santos Avancini, disseram que desconhecem a realização de obras no sítio de Atibaia (SP) atribuído ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ambos delatores da Operação Lava-Jato, eles falaram como testemunhas de acusação na ação penal que investiga se o líder petista se beneficiou de mais de R$ 1 milhão em benfeitorias na propriedade, que teriam sido pagas pelas construtoras Odebrecht e OAS.

Questionados pela defesa de Lula, Avancini e Youssef afirmaram que tais obras nunca foram mencionadas em reuniões que participaram sobre contratos firmados pela Petrobras.

Em nota, o advogado do ex-presidente, Cristiano Zanin Martins, disse que os depoimentos reforçam que “a escolha do juiz Sergio Moro para julgar a ação pelo Ministério Público não tem qualquer base real” e que “Lula jamais praticou qualquer ato em benefício de empreiteiras durante período em que ocupou o cargo de presidente”.

A defesa afirma que Lula não é proprietário do sítio e que o petista e familiares frequentaram o local como convidados da família do empresário Fernando Bittar, “em razão de uma amizade de mais de 40 anos”.

Na semana passada, também falaram como testemunhas de acusação Frederico Barbosa, ex-engenheiro da Odebrecht, Salim e Milton Schahin, sócios do grupo Schahin, o casal de marqueteiros Mônica Moura e João Santana e o ex-gerente da Petrobras Eduardo Musa.

Processo

No processo relativo ao sítio, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro. Segundo a acusação, o ex-presidente se beneficiou de R$ 1,02 milhão em benfeitorias no imóvel, que era frequentado por Lula e seus familiares. As reformas teriam sido pagas pelas empreiteiras Odebrecht e OAS.

De acordo com os procuradores, os valores usados nas reformas teriam vindo de contratos das empreiteiras na Petrobras, e repassados como vantagem ilícita ao ex-presidente.

Lula também teria pedido R$ 150 mil ao seu amigo e pecuarista José Carlos Bumlai, para que fossem realizadas reformas no sítio. Em setembro de 2016, Moro condenou Bumlai por ter adquirido em 2004 um empréstimo de R$ 12 milhões com o grupo Schahin em nome do PT. A dívida, segundo a acusação, foi quitada posteriormente por meio do contrato de operação do navio-sonda Vitória 10.000.

Reportagens na imprensa, em janeiro de 2016, revelaram que a Odebrecht realizou a maior parte das obras no sítio, gastando R$ 500 mil apenas em materiais. Para a Procuradoria, o sítio, que está em nome dos empresários Fernando Bittar e Jonas Suassuna, pertencia, na realidade, a Lula, “proprietário de fato” do local, e foi comprado em seu benefício.

Dentre as provas mencionadas pelos procuradores estão e-mails enviados a endereços do Instituto Lula, que citam cardápios de almoço no sítio e viagens do petista a Atibaia.

O MPF (Ministério Público Federal) chegou a apresentar ao juiz Sergio Moro uma planilha fornecida por Emyr Costa Junior, engenheiro da Odebrecht e colaborador. O documento, segundo o delator, demonstraria o empenho de R$ 700 mil na compra de materiais e serviços relativos à reforma do sítio em Atibaia (SP).

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