Sexta-feira, 22 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 6 de agosto de 2023
Representantes de quase 40 países – inclusive do Brasil – se reuniram na Arábia Saudita para buscar uma solução à guerra entre Rússia e Ucrânia. Não se espera um avanço imediato no conflito. E também não há uma delegação russa na reunião.
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2002. O país fracassou na tentativa de tomar Kiev, a capital, mas assumiu o controle de amplas regiões do leste, que as tropas ucranianas tentam reconquistar atualmente, com equipamento militar e apoio financeiro das potências ocidentais.
Participação do Brasil – A delegação brasileira é liderada por Celso Amorim, assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para Assuntos Internacionais.
“Qualquer negociação real deve incluir todas as partes”, afirmou Amorim na reunião, segundo uma cópia de sua declaração.
“Embora a Ucrânia seja a maior vítima, se realmente queremos a paz, temos que envolver Moscou neste processo de alguma forma”, disse ele.
Momento dos Brics
A delegação americana em Jidá, que não espera grandes resultados do encontro, é liderada pelo conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan.
Fontes diplomáticas afirmaram que Ucrânia tem expectativas sobre o papel que outros países podem desempenhar, em particular os quatro sócios da Rússia no grupo Brics (Brasil, Índia, China e África do Sul), que não se posicionaram ao lado de Kiev, mas também não apoiaram a invasão russa.
A China, que afirma ter uma posição neutra mas é alvo de críticas ocidentais por não condenar a Rússia, anunciou que seu enviado especial para a Eurásia, Li Hui, lidera a delegação em Jidá.
A Índia afirmou que comparece a Jidá com a posição de que “o diálogo e a diplomacia são o caminho a seguir”.
Plano de 10 pontos
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou durante a semana que os debates serão dominados por seu plano de paz de 10 pontos que inclui a retirada total das tropas russas do território da ex-república soviética.
Também exige a restituição à Ucrânia da península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014. A Rússia afirma desde o início da guerra que qualquer negociação deve levar em consideração as “novas realidades territoriais”.
Zelensky celebrou a participação nas negociações de países em desenvolvimento, muito afetados pelo aumento dos preços dos alimentos provocado pela guerra.
“Isto é muito importante, porque em questões como a segurança alimentar o destino de milhões de pessoas na África, Ásia e outras partes do mundo depende diretamente da rapidez de movimentação do mundo para implementar uma fórmula de paz”, disse.
Arábia Saudita é aliada da Rússia
A Arábia Saudita, que como maior exportador de petróleo do mundo trabalha em estreita colaboração com a Rússia na política de combustíveis, mantém contatos com os dois lados e se apresenta como possível mediador.
“Ao receber esta cúpula, a Arábia Saudita quer reforçar sua ambição de virar uma potência intermediária, capaz de mediar conflitos”, disse Joost Hiltermann, diretor para o Oriente Médio da ONG International Crisis Group.
Riad “quer se ver ao lado da Índia ou do Brasil, porque somente como um grupo estas potências intermediárias podem aspirar ter um impacto”, acrescentou.