Em depoimento no julgamento Julgamento da ex-deputada Flordelis dos Santos de Souza, a delegada da Polícia Civil Bárbara Lomba, que conduziu a primeira investigação do caso, negou que a pastora tenha relatado à polícia que fora vítima de abusos sexuais ou violência física cometidos por Anderson. Segundo a delegada, no período em que esteve à frente da Delegacia de Homicídios (DH), a ex-deputada foi ouvida pelos investigadores duas vezes. Bárbara disse ainda que o casamento de Flordelis e Anderson era aberto.
“Jamais, nem que ele tinha nenhuma atitude reprovável. Pelo contrário, falou muito bem. Que tratava todos com muito respeito, com muito amor. E quando levantamos o telefone dele, ele também tinha esse tratamento com Flordelis”, afirmou, ao ser indagada pelo advogado de acusação Angelo Máximo.
Em um vídeo divulgado no domingo (6), Flordelis narrou ter sido vítima de abusos por parte de Anderson. Ela é acusada de ser mandante da morte do marido, o pastor Anderson do Carmo. Também são réus seus filhos Simone, André e Marzy e a neta Rayane.
Bárbara afirmou que o relacionamento entre Anderson e Flordelis era aberto e não se tratava de um casamento “tradicional”. Ela acrescentou que, em relação a alguns integrantes da família, não havia relação de pai e mãe com Anderson e Flordelis.
“(O relacionamento) Era aberto. As coisas eram abertas lá dentro. Havia um casamento e eles, como pastores, se comportavam como num casamento tradicional. Não estou dizendo isso para julgar. Mas é que isso foi importante para a investigação. A gente desmonta algo que era construído de uma outra forma. Era passado como se fosse de outra forma. Não havia um amor de pai e mãe. Pessoas já tinham tido relações com Flordelis, com Anderson.”
A delegada relatou ainda que havia intrigas e discordâncias na casa e que Anderson tinha uma grande preocupação com a imagem da família, por isso o pastor era extremamente rigoroso.
“Havia intrigas, comunicações não diretas, havia discordâncias entre Flordelis e Anderson sobre rigor em relação a certas coisas. Pelos relatos, Anderson mais rigoroso e Flordelis, mais maleável com os erros. Ele era rigoroso porque era preocupado com a imagem”, afirmou.
Bárbara fez, ainda, uma análise sobre a relação de Anderson e Flordelis:
“Um precisava do outro de alguma forma. Falando muito vulgarmente, ele era o empreendedor e ela, o símbolo.”
Ao narrar parte da dinâmica do crime, Bárbara relembrou que o filho biológico de Flordelis, Flávio dos Santos Rodrigues, já condenado por ter sido o responsável por atirar em Anderson, afirmou que estava com raiva por ter ouvido de Simone que o pastor teria passado a mão nela e abusado de uma de suas filhas. A delegada ressaltou que durante as investigações não foi constatado que houve qualquer tipo de abuso cometido por Anderson.
“Se houve algum tipo de relação sexual, a única informação concreta é de que elas teriam sido consensuais.”