Delegados da Polícia Federal entraram com um processo para pedir danos morais contra ameaças que estão sofrendo após investigações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo fontes na Polícia Federal, diversos inquéritos foram abertos para apurar as ameaças contra policiais e delegados da instituição.
As ameaças são por e-mail, redes sociais e até em seus endereços físicos. É o caso do delegado Fábio Shor, responsável por investigar e pedir o indiciamento de Bolsonaro pelo desvio e venda de joias recebidas por autoridades de outros países. Ele tornou-se alvo de ameaças em sua casa. Um boneco foi pendurado no carro do delegado pelo lado de fora na última semana.
Shor teve os dados divulgados nas redes sociais por blogueiros bolsonaristas que iniciaram uma campanha no X expondo, ameaçando e incitando outras pessoas a perseguirem o delegado.
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, determinou a retirada de conteúdo com dados pessoais de Shor do X. A ordem não cumprida culminou com as multas, a saída de representantes da rede no Brasil e, posteriormente, com o bloqueio da plataforma no País.
Outros policiais que investigam a suposta tentativa de golpe de Estado e casos ligados ao ministro Alexandre de Moraes também estão sendo ameaçados. Nesta semana, o próprio diretor-geral da PF, Andrei Passos Rodrigues, resolveu processar 10 pessoas que o ameaçaram.
Os blogueiros Alan dos Santos e Oswaldo Eustáquio e o senador Marcos do Val estão entre os acusados de ameaçar policiais federais nas redes sociais e respondem a processo que tramita sob sigilo no STF. Os investigados vão responder por obstrução de investigação envolvendo organizações criminosas e corrupção de menores, entre outros crimes.
Outra ação
O Sindicato dos Delegados da Polícia Federal do Paraná entrou com uma ação em abril contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e pede uma indenização de R$ 56,4 mil por danos morais. A medida foi motivada por declarações do parlamentar, que é policial federal, em amrço, logo após a PF indicar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por fraude em cartões de vacinação da covid-19.
Na data, o filho “03″ de Bolsonaro questionou se a corporação ia “continuar sendo cachorrinho de Moraes”, em alusão ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, relator do inquérito responsável pela investigação. As declarações foram ao jornal Diário da Região.
O sindicato descreve as declarações do parlamentar como “agressões inverídicas, ofensivas, injuriosas e ilegais”, destacando que as falas prejudicam a imagem da corporação. A entidade também argumenta que as falas do parlamentar “não encontram guarida na imunidade material da qual é detentor”, por ele ter foro por prerrogativa de função.
“Desta feita, foram sérios os constrangimentos sofridos pela categoria ora representada em face dos aludidos ataques, reclamando a condenação judicial pertinente e nos limites de sua agressão, consoante expõe o Código Civil”, dizem os delegados.
A entidade também pede retratação pública do parlamentar e o pagamento de 500 cestas básicas a uma instituição de Curitiba voltada para recuperação de pessoas com dependência química.