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Política Demissão de Nísia Trindade reforça histórico do Ministério da Saúde como moeda de troca em momentos de instabilidade

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Nas últimas três décadas, apenas três ministros ficaram no cargo por mais de três anos. (Foto: Divulgação)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demitiu na terça-feira (25) a ministra da Saúde, Nísia Trindade, após demonstrar insatisfação com a falta de resultados na área e um longo processo de “fritura política”. O lugar será ocupado por Alexandre Padilha, titular das Relações Institucionais e chefe da pasta durante o governo de Dilma Rousseff. Com orçamento cobiçado, o setor tem um histórico de servir como moeda de troca por apoio ao governo e de instabilidade para os gestores. Nas últimas três décadas, apenas três ministros ficaram no cargo por mais de três anos — José Serra, o mais longevo, José Gomes Temporão, além do próprio Padilha.

A decisão foi formalizada após duas reuniões. À tarde, Lula recebeu Nísia para uma conversa a sós. Depois, foi a vez de Padilha. Em continuidade à reforma ministerial, o presidente deve se concentrar agora no nome que será responsável pela articulação política. A tendência é que o PT tenha mais força para indicar um ministro para suceder Padilha, mas nas últimas semanas também foram ventilados postulantes do Centrão.

Na terça, após ser comunicada da demissão por Lula, a ministra saiu do Palácio do Planalto e foi para o Ministério da Saúde. Lá, chamou o secretário-executivo, Swedenberger Barbosa, para dar a notícia. A indefinição dos últimos dias levou equipes de diferentes setores da pasta a desmarcarem agendas já fechadas para as próximas semanas e meses

Posse marcada

Em nota oficial, o Palácio do Planalto informou que Lula comunicou a Nísia “a substituição na titularidade da pasta”, além da futura nomeação de Padilha, com “posse marcada para a quinta-feira, dia 6 de março”. “O presidente agradeceu à ministra pelo trabalho e dedicação à frente do ministério”.

Pela manhã, Lula participou de evento ao lado de Nísia para celebrar uma pactuação de vacinas e anunciou a inclusão do imunizante da dengue do Instituto Butantan no Sistema Único de Saúde (SUS).

A cerimônia aconteceu no Planalto e foi marcada pelo silêncio do presidente. A ministra, por sua vez, foi ovacionada pelo público.

Reservadamente, a cúpula da Saúde não escondeu a frustração sobre a falta de informações na crise que se arrastou por dias. O time de Nísia descobriu sobre a decisão de Lula pela imprensa.

A tendência é que Padilha mantenha parte da equipe dela, como Ana Estela Haddad (Saúde Digital), Felipe Proenço (Atenção Primária) e Adriano Massuda (Atenção Especializada).

“Tenho profunda admiração e carinho pela minha amiga Nísia Trindade, com quem tive a honra de trabalhar nesses dois anos”, disse Padilha, em mensagem postada nas redes sociais.

A demissão era amplamente esperada em Brasília. O processo de “fritura” se iniciou ainda no final do ano passado e se intensificou nos últimos dias. Nísia não escondia mais o incômodo com a indefinição de Lula sobre seu futuro no cargo.

Moeda de troca

O posto de ministro da Saúde já foi usado anteriormente por Lula em seus governos para ampliar sua base no Congresso, beneficiando partidos do Centrão e legendas como o MDB durante períodos de instabilidade no governo, provocados por fatos como o mensalão.

Ao estourar o escândalo, por exemplo, o Planalto substituiu em julho de 2005 o então ministro Humberto Costa (PT), hoje senador, pelo deputado José Saraiva Felipe, indicado pelos emedebistas.

A mesma estratégia foi usada por sua companheira de partido, a ex-presidente Dilma Rousseff, em meio ao seu processo de impeachment. Marcelo Castro foi indicado em outubro de 2015 pela bancada do MDB na Câmara para assumir a pasta, então chefiada por Arthur Chioro (PT).

A indicação para a pasta de maior orçamento na Esplanada à época foi costurada pelo Planalto para assegurar apoio do MDB às matérias de interesse do governo nas votações. O ex-presidente Jair Bolsonaro também chegou a ceder a pasta a nomes indicados por aliados, como Marcelo Queiroga, do Centrão.

Nísia foi a primeira mulher a comandar o Ministério da Saúde e presidiu a Fiocruz durante a pandemia de covid. O perfil técnico foi visto como um ativo pelo governo no início do mandato de Lula, após a série de críticas à pasta na gestão de Bolsonaro. Mas a demora nas entregas e a dificuldade na articulação política a desgastaram e, na visão do Planalto, inviabilizaram sua permanência.

Lula vinha reclamando com aliados da demora da pasta em gerar ações que pudessem ser usadas pelo governo como exemplos de impacto positivo na população — o presidente chegou ao seu índice mais baixo de popularidade nos três mandatos, como mostrou o Datafolha. (O Globo)

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