Os brasileiros estão em alerta máximo contra a dengue. O Ministério da Saúde adverte que o País pode registrar, apenas em 2024, até 4,2 milhões de casos de dengue. Esse número estabeleceria um recorde de infectados pela doença na história do Brasil. Apenas nestes dois primeiros meses do ano, a pasta contabiliza 408 mil casos prováveis.
Além de dor de cabeça, dor no corpo, dor atrás dos olhos, febre, enjoos, vômitos e manchas vermelhas, a dengue pode causar outros sintomas como sonolência, irritabilidade e confusão mental.
A doença é dividida em dois grupos: a dengue clássica e a hemorrágica, quando a infecção começa a destruir plaquetas responsáveis pela coagulação, e o paciente passa a ter sangramentos na gengiva ou nas fezes.
Até o momento não há um medicamento específico para o tratamento. Os remédios disponíveis para amenizar os sintomas devem ser indicados por um médico, já que muitos deles, usados no dia a dia e vendidos sem a necessidade de prescrição médica nas farmácias, podem aumentar o risco de sangramento.
Aspirina e AAS
A classe farmacêutica dos salicitatos, da qual fazem parte aspirina e AAS, não devem ser usada por pacientes que estão com suspeita de dengue ou que foram diagnosticados com a doença.
Essas medicações têm efeito analgésico e antitérmico. Por isso, ajudam no alívio de dores e da febre. No entanto, eles podem afetar a coagulação de pacientes com o vírus da dengue, o que leva ao aumento do risco de sangramentos e o agravamento da doença.
Pacientes saudáveis que estejam com a doença ou com suspeita dela não devem fazer o uso desses medicamentos.
No entanto, há ressalvas para o caso de pacientes em tratamento de algum problema cardíaco, que precisam tomar aspirina periodicamente.
“Pessoas que possuem doenças crônicas, que sofreram infarto ou tiveram trombose, e estão fazendo uso de medicamentos desse grupo para tratar o problema, ao suspeitarem que estão com dengue não devem interromper o tratamento por conta própria, pois pode agravar o problema cardíaco já existente. O recomendado é procurar um médico imediatamente para analisar o que deverá ser feito, como trocar o medicamento ou fazer o uso monitorado”, explica a infectologista Mirian Dal Bem, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
Além da AAS e da aspirina, outros medicamentos que fazem parte desta categoria são os derivados do ácido acetilsalicílico, como diflunisal, salicilato de sódio e metilsalicilato.
Ibuprofeno e nimesulida
Medicamentos que integram a categoria chamada de anti-inflamatórios não esteroidais também aumentam as chances de sangramento e não devem ser usados no tratamento dos sintomas da dengue.
Os mais conhecidos e usados são: indometacina, ibuprofeno, diclofenaco, piroxicam, naproxeno, nimesulida, sulfinpirazona, fenilbutazona e sulindac.
Eles são comumente encontrados nas farmácias e podem ser comprados sem receita médica.
“Esses medicamentos prejudicam o funcionamento das plaquetas e, quando um paciente está com dengue, ele já tem as plaquetas afetadas pelo vírus. Sendo assim, ao fazer uso desses remédios, há um aumento no risco de sangramentos e ter a dengue hemorrágica”, explica o médico Paulo Abrão, vice-presidente da Sociedade Paulista de Infectologia e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Prednisona e hidrocortisona
Medicamentos como prednisona, prednisolona, dexametasona e hidrocortisona são conhecidos como corticoides. Eles também são contraindicados em caso de dengue ou de suspeita da doença.
Assim como os anteriores, eles podem aumentar o risco hemorrágico da doença e agravar a situação do paciente.
Ivermectina
Recentemente, passou a circular nas redes sociais informações que a ivermectina seria um medicamento indicado para combater o vírus da dengue.
Tal situação fez com que o Ministério da Saúde emitisse uma nota alertando que “não há nenhum dado ou fonte que comprove a afirmação” e o órgão “não reconhece qualquer protocolo que inclua o remédio para o tratamento da dengue”.
“Esse medicamento é única e exclusivamente para combater vermes, não há nenhum estudo que mostre sua eficácia contra vírus. Ele não deve ser usado em nenhum caso a mais”, diz o médico Alberto Chebabo, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
Segundo especialistas, os dois medicamentos mais indicados para amenizar os sintomas causados pela dengue são o paracetamol e a dipirona, pois eles não aumentam os riscos de sangramento.
Ambos podem ser usados com segurança e ajudam a amenizar as dores e mal-estar provocados pela dengue.
Apesar da medicação aliviar certos sintomas, os especialistas são unânimes em dizer que manter uma boa hidratação é um dos fatores mais importantes para tratar a doença.
A dengue provoca inflamação e faz o líquido “escapar” dos vasos sanguíneos.