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Denúncia contra Bolsonaro entra em compasso de espera

PGR não tem previsão de quando apresentará novas acusações contra o ex-presidente. (Foto: Isác Nóbrega/PR/Arquivo)

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, não tem previsão de quando — e se — apresentará novas denúncias contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Da mesma forma, são tantos os recursos a caminho do STF que o ministro Alexandre de Moraes vai demorar para liberar a denúncia do golpe de estado a julgamento.

Enquanto isso, o deputado federal Eduardo Bolsonaro vem liderando nos Estados Unidos um lobby de apoio ao ex-presidente e de ofensiva contra o ministro Alexandre de Moraes, que acusa de agir politicamente motivado contra seu pai. Desde a posse de Donald Trump como o novo presidente dos Estados Unidos, o filho Zero-Três já fez três viagens ao país.

Em suas andanças na capital americana Washington, Eduardo se encontrou com quase uma dezena de parlamentares, integrantes do Executivo e expoentes da direita do país, como o ideólogo Steve Bannon, em uma estratégia que prevê múltiplas frentes de ação. Se tem os trunfos de obter muitos acessos, Eduardo, porém, ainda não conseguiu o embarque da Casa Branca à sua estratégia.

Em termos práticos, até agora Trump prometeu tarifas sobre o aço, o alumínio e o etanol brasileiros. Embora evite conversas que peçam sanções econômicas ao Brasil – o que tem sido feito por outros bolsonaristas – Eduardo Bolsonaro diz não ter feito movimentos para tentar aliviar o risco a esses setores produtivos.

“Você acha que o Trump vai deixar que o Brasil copie a Venezuela e mantenha inelegível um dos principais opositores de um governo de esquerda?”, questiona Eduardo, sem explicar de que maneira Trump poderia reabilitar Bolsonaro na urna eletrônica em 2026, já que o ex-presidente está inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Ex-sócio de Trump em um empreendimento hoteleiro no Rio de Janeiro, o ex-comentarista da Jovem Pan Paulo Figueiredo é um dos artífices da estratégia política do grupo de Bolsonaro nos EUA.

As ações têm seguido a cartilha dos próprios trumpistas de “flood the zone”, algo como promover uma “enxurrada” de atos simultâneos para dificultar a resistência dos oponentes. Radicado na Flórida, Figueiredo costuma acompanhar Eduardo em boa parte das agendas políticas.

“Virá de todos os lados: (Elon) Musk, Senado (dos EUA), Câmara (dos EUA), Judiciário (dos EUA). E por fim a Casa Branca vai agir”, afirma Figueiredo, denunciado pela Procuradoria Geral da República por envolvimento em atos golpistas, o que ele nega.

Ação orquestrada

Eduardo esteve no gabinete do deputado republicano Rich McCormich, da Geórgia, que na noite desta segunda (24/2) marcou o presidente dos EUA em um post no X em que acusava Moraes de estar “usando o judiciário como arma para fraudar as eleições de 2026, silenciando a oposição e protegendo o presidente Lula”.

McCormich dizia ainda que “a denúncia (da PGR) a Jair Bolsonaro não é justiça – é perseguição política, tal como o que foi feito ao Presidente Trump” e chamava Moraes de “ameaça aos EUA”. Segundo Eduardo, McCormich e os demais deputados, como o republicano Chris Smith, enviarão cartas individuais ao National Security Council da Casa Branca pedindo sanções a Moraes.

Pouco depois da postagem de McCormich, o senador republicano Mike Lee, também visitado nos últimos dias por Eduardo e Figueiredo, repostou a mensagem do colega de partido, repetiu acusações sem provas de que Alexandre de Moraes usou a justiça eleitoral politicamente e anunciou que fará uma viagem ao Brasil ainda este ano com uma delegação de senadores para “fazer algumas perguntas difíceis sobre o juiz Alexandre de Moraes e o alegado uso político do sistema judicial brasileiro”.

Ato contínuo, Musk entrou no fio comentando: “Bom”. Ele também interagiu com uma postagem em inglês de um influencer que relatava trechos de um discurso de Moraes na Faculdade de Direito da USP nesta segunda, 24/2, na qual o ministro citou as big techs e afirmou que “estamos começando a entender como se deu esse processo de transformar as redes sociais em instrumentos de uma ideologia nefasta, o fascismo, disseminando discursos de ódio, misoginia, homofobia e até ideias nazistas”.

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